"Tradicionalmente, a maior parte dos trabalhos
desenvolvidos na Pré-escola no tocante à alfabetização
inspirava-se na idéia de prontidão. (...)
A partir de uma série de pesquisas e estudos realizados,
e pela comprovação de sua ineficácia,
a prontidão começou a receber severas críticas,
principalmente pelo fato de que, nesta metodologia, as crianças
ficavam sujeitas a uma série de propostas repetitivas,
descontextualizadas, mecânicas e desmotivadoras -
e, o que é pior, privadas de contato com o código
escrito."
"Na década de 80 começaram a ser
divulgadas no Brasil as pesquisas de Emilia FERREIRO e Ana
TEBEROSKY... O resultado destes trabalhos vem tendo uma
enorme repercussão na América Latina e, especialmente,
no Brasil.(...) No entanto, parece que, neste momento oportuno
para se rever os métodos tradicionais de alfabetização,
incorremos no risco de tratar os conhecimentos das investigações
e pesquisas de forma equivocada e superficial, usando-as
até mesmo como a panacéia de todos os males,
ou como um modismo que em breve poderá ser substituído."
"Temos a impressão de que historicamente
existe uma substituição de rótulos
sem uma mudança conceitual concomitante. Em vez de
se tomarem os estudos das pesquisadoras como instrumento
de entendimento da evolução das produções
infantis, para a partir daí poder avançar,
muitas vezes eles têm servido apenas como meio de
se constatarem os níveis das crianças. (...)
Nesta perspectiva, é urgente a necessidade de pensarmos
no tempo de assimilação e embasamento concedido
aos elementos envolvidos na prática educativa diária,
pois o que está em jogo não é o aprendizado
de um novo método. E este problema está diretamente
relacionado à capacitação docente."
"O problema da capacitação do professor
é bastante complexo (o que confirma a tese de que
o educador é uma síntese de múltiplas
determinações), pois o que ele envolve não
são apenas as instâncias formais (e prévias)
de formação do profissional (normalmente bastante
deficitárias), mas também as próprias
oportunidades de reflexões de sua prática
e, principalmente, a experiência (que quase sempre
serve como modelo) que tiveram como alunos, quando aprenderam
a ler e a escrever."
"Esta busca de alternativas é necessária
e urgente porque aprender a ler e a escrever numa sociedade
letrada significa apropriar-se de um valioso instrumento
de informação e poder que permite a participação
na coletividade e o exercício pleno da cidadania."