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A cartilha e a leitura |
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Luiz Carlos Cagliari |
O autor conta a história da
cartilha. Apresenta vários problemas do uso deste
método de alfabetização, muitos
deles já superados nas práticas dos educadores.
Discute também alternativas à utilização
da velha cartilha - como o uso de livros de literatura
infantil - tecendo importantes considerações.
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"Todos os alunos trazem para a escola algumas representações e hipóteses sobre a linguagem oral e escrita. Como falar é fácil, segundo sua experiência de vida, eles acham que ler deve ser igualmente fácil. Ler é o primeiro desafio que eles encontram na escola. (...)
Com o uso do alfabeto e com as devidas explicações sobre o conhecimento das letras que compõem as palavras (sejam elas quais forem), o aluno pode passar facilmente da decifração da escrita para a fala do que está escrito, realizando assim, o processo de leitura. Em três meses, com meia hora de trabalho por dia, os alunos já conseguem ler praticamente tudo e, conseqüentemente, já estão aptos a escrever o que quiserem."
"... muitos professores abandonaram as cartilhas ... e, em seu lugar, trouxeram para as salas de aula, montanhas de livrinhos de leitura. Sem dúvida alguma, ler e ler muito e as mais variadas coisas é a grande meta do ensino escolar. Mas isto depende muito do que se lê. A quase totalidade dos livrinhos infantis, que conheço, são estórias fúteis, ridículas, que exploram ao exagero o maravilhoso (ou horroroso) fantástico, além de serem escritas de maneira pedante e com mau gosto literário."
"A conclusão, pois, que se é levado a tirar, mostra que as cartilhas são incompetentes e um equívoco educacional. Se o alunos ainda aprendem, apesar das cartilhas, isto se deve, (...) ao bom senso e ao trabalho dos professores, mesmo com todas as deficiências da formação que receberam das escolas de magistério, e à condescendência dos alunos que, perdidos no meio de tanta confusão, não sabem como reclamar, mas continuam acreditando que a escola vale a pena."
Publicação:
Série Idéias n.5. São Paulo: FDE, 1988.
Páginas: 21-26
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