> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa noite
Quinta-Feira , 01 de Maio de 2025
>> Notícias
   
 
Prevenção pode evitar 50% das mortes por câncer


Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 13/11/07

Prevenção pode evitar 50% das mortes por câncer, diz cientista
Para um dos pioneiros do combate à doença, porém, é mais fácil clonar um gene do que convencer um adolescente a não fumar

Herton Escobar

John Mendelsohn levou mais de 25 anos para desenvolver uma droga de sucesso contra o câncer. Com algumas poucas palavras, porém, ele sabe que poderia salvar muito mais vidas. Metade das mortes por câncer, segundo ele, poderiam ser evitadas com exames de rotina, diagnóstico precoce e hábitos saudáveis, como não fumar e praticar exercícios - sem a necessidade de nenhum novo medicamento.

“O público deveria levar umas palmadas por não se responsabilizar por isso”, afirma Mendelsohn, presidente do M.D. Anderson Cancer Center, nos EUA, maior centro de pesquisa e tratamento de câncer no mundo. Se todos parassem de fumar, um terço de todos os tumores desapareceria, diz.

Mendelsohn é pioneiro no estudo molecular do câncer. Ele desenvolveu a droga Erbitux, que utiliza anticorpos para bloquear a ação de um fator de crescimento (EGF) que estimula a proliferação de células tumorais. Ele vê um futuro em que o tratamento do câncer será personalizado, com base no perfil genético de cada tumor e cada paciente. Em visita ao Brasil para assinar um convênio com o Hospital A.C. Camargo (leia ao lado), Mendelsohn conversou com o Estado.

A ciência, um dia, vai descobrir a cura do câncer?

Não vai haver “a cura”. Pense no câncer como uma infecção. Nos anos 1900, as causas de morte mais comuns eram pneumonia e tuberculose; então inventaram os antibióticos, que são uma forma de quimioterapia. Hoje, se você tem uma infecção, é possível identificar o agente infeccioso e selecionar o antibiótico mais eficaz para combatê-lo. Nunca vamos nos livrar da pneumonia, mas ela não é mais a causa número um de mortes. Acho que a mesma coisa vai acontecer com o câncer. Nunca vamos nos livrar dele, mas teremos algumas centenas de tratamentos e poderemos reduzir significativamente o número de mortes.

Não há um mecanismo comum em todos os tumores que poderia servir de alvo para uma droga capaz de curar todo tipo de câncer?

Não. É muito mais complicado do que isso. Veja o caso do fator de crescimento: nós bloqueamos o receptor de um fator específico, chamado EGF, mas há vários outros receptores para vários outros fatores. Há muitas fechaduras e muitas chaves funcionando ao mesmo tempo. Por isso acho improvável que encontremos um único mecanismo que funcione contra tudo. Cada câncer tem, provavelmente, cinco ou seis genes anormais. Por isso vamos precisar de um coquetel de cinco ou seis drogas para tratar cada um.

O problema está todo nos genes? E a solução, também?

Completamente, não. O genoma é como uma lista telefônica com 25 mil endereços - cada um referente a uma “casa”, que corresponde a um gene. Sabemos o nome e a localização de cada gene, mas não sabemos o que acontece em 90% dessas casas. E se algo dá errado em um endereço, não sabemos como intervir sem danificar as casas vizinhas. Ainda temos muito o que aprender.

Se a prevenção é o melhor tratamento, não faria sentido colocar mais dinheiro em campanhas preventivas?

Muita gente pensa assim. Mas me diga uma coisa: como é que você convence um adolescente a não fumar? É mais fácil clonar um gene do que convencer um garoto a obedecer seus pais em casa. Precisamos gastar mais dinheiro com prevenção, mas também cuidar das pessoas que já estão com câncer.



http://txt.estado.com.br/editorias/2007/11/13/ger-1.93.7.20071113.12.1.xml

Jornal O Estado de São Paulo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader