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USP recria casa de professor em museu


Publicado no Portal do Governo do Estado de São Paulo em 21/11/07

USP recria casa de professor em
Quarta-feira, 21 de Novembro de 2007 às 14h41

O Estado de S.Paulo

Natal e Noel ainda estão lá, cantando o dia inteiro. Mas tirando os canarinhos de estimação da professora aposentada Maria Regina da Cunha Rodrigues Simões de Paula, de 78 anos, quase todos os móveis, tapetes, livros, documentos e fotos da casa foram doados para a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) para a criação de uma espécie de museu em homenagem ao marido, o também professor Eurípedes Simões de Paula.

"Não sobrou nada, só minha cama de solteira, a televisão e meus bichinhos", diz Maria Regina. "Saíram dois caminhões cheios daqui. Mas eu não estou reclamando, não, acho que essa é a maior homenagem do mundo. As lembranças que tenho do meu marido estão na minha cabeça, agora quero dividir as outras coisas com as pessoas."

Além de batizar com seu nome uma rua no Brás, região central da capital, uma escola estadual no extremo sul e também o prédio do Departamento da História na Cidade Universitária, no Butantã, zona oeste, Eurípedes Simões de Paula foi um dos professores mais importantes da USP. Três vezes vice-reitor da universidade, cinco vezes diretor da FFLCH e ainda comandante de um batalhão da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra Mundial, ele morreu há exatos 30 anos, num atropelamento na Rua da Consolação, na região central. Para lembrar a data, três salas da faculdade estarão a partir de hoje decoradas com um pouquinho da vida e da carreira do professor.

"É ao mesmo tempo uma homenagem a sua memória e um acréscimo ao acervo da faculdade", diz a professora de História da USP, Ana Maria de Almeida Camargo, responsável pelo projeto. A coleção de Eurípedes, que teria feito 90 anos agora em novembro, inclui sua escrivaninha preferida, a máquina de escrever, dezenas de teses, cartas, centenas de livros, bolsas de viagem, quadros, medalhas da condecoração da FEB, o diário de guerra e até um chumaço de cabelo e três dentes de leite. Além de uma palmatória que, segundo a viúva, era usada pelo pai para puni-lo, mas nunca foi empregada por Eurípedes. "Será uma exposição permanente, como se fosse parte da decoração do prédio, sem data para acabar", diz Ana Maria.

Eurípedes foi um dos primeiros alunos da FFLCH. Entrou em 1934 - e nunca mais saiu de lá. O único intervalo longe das salas de aula ocorreu de 1944 a 1945, quando ingressou na tropa de 25.300 homens da FEB - ele gostava de exibir as medalhas e falava com orgulho da época de soldado.

Eurípedes enfrentou períodos turbulentos no comando da FFLCH. Como em 1969, quando supostos estudantes do Mackenzie atacaram e destruíram com coquetéis molotov a unidade da faculdade na Rua Maria Antônia, no centro. O estudante secundarista José Guimarães, que estava na frente do prédio, foi assassinado a tiros durante a confusão.

"A faculdade era tudo para ele, a vida do Eurípedes estava toda ali", diz Maria Regina. "Era sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Por isso acho essa homenagem tão bonita. Não preciso dos móveis para lembrar dele, vou comprar uns novos, bem simples, somente para a casa não ficar tão vazia. Na verdade, só fiquei com umas cartas pessoais e a aliança dele. Isso eu me recusei a doar. Quando o Eurípedes morreu, coloquei a aliança no meu dedo, junto com a minha, e parece que elas grudaram uma na outra."

http://www.saopaulo.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?c=5&id=89557

Jornal O Estado de São Paulo

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