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Rota de Abraão: uma jornada ao começo do mundo


Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 15/01/08

Rota de Abraão: uma jornada ao começo do mundo
Iniciativa de Harvard vai recuperar os caminhos do profeta, do Curdistão turco até Hebron

Carla Miranda - O Estado de S.Paulo

Dois meninos de não mais que 10 anos olham para a jovem loura, de olhos azuis. ''''Você é americana?'''', perguntam. ''''Gosta do Bush?'''' Em outras partes do mundo, o diálogo já seria curioso, inesperado. Na desértica Vila de Parapara, no Curdistão turco, era uma precoce exigência de posicionamento político.

''''Não. Sou canadense'''', mentiu a loura. ''''E não conheço Bush.'''' Virou para o lado e continuou andando. Mas sentiu necessidade de se explicar para quem sabia sua nacionalidade: ''''Prefiro evitar polêmica.''''

Parapara é o começo da rota Caminho de Abraão, uma iniciativa da Universidade Harvard para tentar promover o desenvolvimento sustentável por meio do turismo. Mesmo sem ser um projeto essencialmente político ou religioso, a rota acaba esbarrando nos dois tópicos - a conversa descrita acima ocorreu em novembro, durante a apresentação oficial. E esses assuntos são delicados, ainda mais naquela parte do globo.

Abraão é uma das únicas unanimidades, considerado patriarca do cristianismo, do judaísmo e do islamismo. Daí a importância de reconstruir seus passos por mais de 1.200 quilômetros, passando por Turquia, Jordânia, Síria e Israel, entre outros. Um trecho a ser percorrido a pé em dez semanas (pode ser feito de carro), cruzando sítios históricos e lugares sagrados no Oriente Médio.

A peregrinação, nos moldes de Santiago de Compostela, na Espanha, termina em Hebron, a 30 quilômetros de Jerusalém, onde está o túmulo de Abraão. Mas a rota completa só deve estar disponível em alguns anos - por inúmeras questões, a começar pelos sérios problemas de segurança na região, os trechos serão abertos aos poucos.

O sonho dos responsáveis pelo Caminho, no entanto, é chegar até o Egito e, melhor ainda, incluir o belicoso Iraque e a enclausurada Arábia Saudita. Por enquanto, o turista verá bem menos. Quando a rota for aberta à visitação, ainda neste ano, haverá, além do trecho turco, 120 quilômetros na Jordânia. A importância dos locais, no entanto, é inquestionável: o Monte Nebo, onde Moisés morreu, e a fortaleza no Vale Zerqa onde Jacó, neto de Abraão, teria lutado com um anjo.

A iniciativa de Harvard tem o apoio da ONU e de vencedores do prêmio Nobel. E conta com recursos da Fundação Rockefeller, da universidade e de grandes empresários americanos e europeus.

COMEÇO

Uma gruta em Sanliurfa - a cidade se chamava Urfa até merecer o ''''sanli'''' (gloriosa) - é um dos possíveis locais do nascimento do profeta. Na vizinha Harran, um Abraão já avançado na idade teria sido convocado a procurar a Terra Prometida, na companhia de Sara. Apesar de idosos e sem filhos, o Criador garantia que teriam longa linhagem. O casal acreditou e seguiu.

Dez anos se passaram e Sara permitiu que o marido se deitasse com uma escrava. Dessa união nasceu Ismael, a partir de quem os muçulmanos traçam sua descendência. Quando Abraão tinha 99 anos e Sara, 90, Deus anunciou que ela ficaria grávida. Isaac, o verdadeiro descendente para judeus e cristãos, nasceu pouco depois, na época combinada.

O trecho entre Parapara e Harran tem 12 quilômetros e pode ser vencido em cinco horas de caminhada. A andança na paisagem árida revela rostos tatuados, mesquitas e casas de pau-a-pique. Tudo isso num cenário perdido no fim do mundo. Ou melhor, no começo dele.

http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup109472,0.htm

Jornal O Estado de São Paulo

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