É preciso despertar o prazer da leitura |
|
|
Publicado no Site do Jornal da Tarde de 15/01/08 |
É preciso despertar o prazer da leitura
PSICÓLOGO, CONSULTOR NAS ÁREAS DE EDUCAÇÃO E CULTURA, DOUTORANDO EM EDUCAÇÃO PELA USP E CONTADOR DE HISTÓRIAS PROFISSIONAL
Ilan Brenman
Todos sabem que a aquisição da habilidade da leitura é vital em qualquer sociedade ocidental. Os signos gráficos encontram-se por todos os lados e sua decifração é o primeiro passo em direção a uma inclusão social, por isso a escola tornou-se fator decisivo na vida de milhões de pessoas.
A experiência na aprendizagem de leitura que a criança vive dentro da escola é determinante para sua vida em geral. Na maioria dos lares, as famílias não conseguem criar um ambiente propício a uma aproximação significativa com a leitura, o que deixa à escola o peso dessa responsabilidade. A criança, ao entrar no circuito educacional, começa a perceber o grau de importância que se dá a esta habilidade chamada leitura.
Dentro da sala de aula, a criança poderá desabrochar para o mundo dos significados ou ficar apenas na superfície plana das palavras. Grande parte desse processo dependerá de como o professor apresentará a leitura e a literatura aos seus alunos. Caso a aprendizagem da leitura se vincule a processos prazerosos, relacionados com a vida real e imaginária do aluno, o esforço exigido na sua aprendizagem terá algum sentido, já que levará o sujeito a um canal inesgotável de informação, conhecimento, divertimento, crescimento, etc.
A alfabetização das crianças pequenas tem sido executada de forma tal que leva os alunos a acreditarem que essa tarefa, que exige esforços de todos, seja importante somente para a decifração de textos, o que, muitas vezes, não tem relação alguma com seus anseios e sonhos.
Percebemos que os próprios professores não mostram interesse pelos textos escolhidos para alfabetizar; acabam escolhendo textos pobres em repertórios lingüísticos, que menosprezam a inteligência alheia, o que não impede, porém, que cumpram a função de alfabetizar uma porcentagem da classe. Com certeza, os alunos, depois de muito esforço em cima desses textos, aprendem a identificar e a vocalizar palavras, mas o preço a ser pago nesse processo é a sensação de um trabalho árduo realizado com poucas gratificações e parco envolvimento.
Somente professores desejantes de literatura poderão favorecer o desabrochar de alunos desejantes de leituras significativas. Os professores talvez ressaltem muito aos seus alunos a importância prática da leitura e deixem de lado o valor ilusório essencial dessa prática, ou seja, do compartilhamento de segredos adultos guardados por séculos dentro dos livros. Como bem disse o educador Ezequiel Teodoro da Silva, “sem professores que leiam, que gostem de livros, que sintam prazer na leitura, muito dificilmente modificaremos a paisagem atual da leitura escolar”.
Você também pode escrever para ‘A opinião de’
Os artigos têm de ter 2.500 caracteres e devem tratar de assuntos relativos à Cidade, à cidadania, ao meio ambiente, ao trabalho, ao transporte, à saúde, à violência, etc., e não podem conter ataques pessoais. Caberá ao ‘JT’ a decisão da publicação ou não. Os textos devem ser enviados, com dados pessoais, para o e-mail
opiniao.jt@grupoestado.com.br
http://txt4.jt.com.br/editorias/2008/01/15/opi-1.94.8.20080115.11.1.xml
Jornal da Tarde
Para mais informações clique em AJUDA no menu.
|