A face acadêmica do Memorial |
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Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 17/01/08 |
A face acadêmica do Memorial
Adolpho J. Melfi e José Goldemberg *
O Memorial da América Latina foi criado no fim da década de 1980 como uma instituição integradora da cultura dos povos do continente sul-americano, com possíveis reflexos políticos na integração política do subcontinente, como ocorreu na segunda metade do século 20 na Europa Ocidental.
Ao longo dos anos ficou evidente que essa integração política era ambiciosa demais e que a missão do Memorial estava, de fato, voltada para a reflexão sobre temas sociais, econômicos, políticos e ambientais que afetam a vida dos países latino-americanos e caribenhos.
Quem formulou claramente essa visão foi Darcy Ribeiro, em 1989. Darcy Ribeiro, que foi o mentor da criação do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL), pensava esse centro como um espaço todo voltado para a integração cultural da América Latina e constituído por uma biblioteca latino-americana de excelência (etapa ainda não concretizada), cátedras, uma revista de alto nível (já existente) e um núcleo de atividades culturais e artísticas abertas ao público.
Esta visão começou a se converter em ações concretas nos últimos anos, em que o Memorial da América Latina vem intensificando sua ação acadêmico-cultural perante um público diversificado, por meio do oferecimento de inúmeros cursos de extensão universitária, seminários, oficinas de trabalho, congressos, colóquios, ministrados ou coordenados por personalidades de renome internacional pertencentes ao mundo acadêmico, empresarial, político e financeiro. Esses eventos permitiram fazer avançar a compreensão de alguns problemas vividos pelos países do continente americano. Apenas para exemplificar algumas dessas atividades, citaríamos o seminário sobre Segurança e Defesa Nacional: da competição à cooperação regional, que contou com o apoio do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e do Ministério da Defesa e cujos palestrantes, de origem diversa (USP, Unicamp, Unesp, UnB, PUC, Exército nacional e parlamentares), abordaram os mais importantes ângulos da questão.
As palestras proferidas nesse seminário fazem parte do livro, organizado pelo professor Eliézer Rizzo de Oliveira, Segurança e Defesa Nacional: da competição à cooperação regional, publicado pela Fundação Memorial da América Latina. Outro evento que merece citação foi o seminário 1808: Dom João VI e o Segundo Descobrimento do Brasil, realizado ainda recentemente. As palestras que fizeram parte do programa do seminário foram proferidas por acadêmicos brasileiros e portugueses de renome internacional e abordaram os aspectos jurídicos, estratégicos militares, culturais e sociais provocados pelo deslocamento da Corte portuguesa para o Brasil e qual o papel dessa transmigração para a transformação do Brasil em Estado independente e para seu ingresso no concerto das nações contemporâneas.
Um passo importante para consolidar a atuação do Memorial - e, sobretudo, do CBEAL - como um centro de estudos latino-americanos foi a instituição da Cátedra Memorial da América Latina em 2006, criada a partir de um acordo de cooperação acadêmica assinado entre o Memorial e as três universidades públicas paulistas (USP, Unesp e Unicamp). Concebida para refletir a respeito dos problemas mais relevantes e atuais que envolvem os países do nosso continente, os primeiros módulos da cátedra, ministrados no decorrer do ano de 2007, foram voltados para dois temas de grande impacto para a região: Energia e Meio Ambiente.
O módulo Energia, cujo catedrático foi o professor Luiz Augusto Horta Nogueira, abordou com profundidade diferentes aspectos da bioenergia, tais como: perspectivas dos biocombustíveis na América Latina, a bioeletricidade, o biodiesel, o carvão vegetal e o papel da bioenergia no meio ambiente e nos países americanos. No âmbito deste módulo foi ainda realizado um encontro - Prosul Bioenergia 2007 - que contou com 62 participantes de 11 países vizinhos e discussão sobre biocombustíveis na América Latina.
O segundo módulo, sob a orientação do catedrático profe
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