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Preservação do patrimônio religioso


Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 06/02/08

Preservação do patrimônio religioso

Benedito Lima de Toledo

Os recentes e deploráveis eventos que colocaram o Masp no noticiário da imprensa internacional tornaram de grande atualidade o artigo A preservação do patrimônio sacro brasileiro (24/3/1999, A2), de dom Cláudio Hummes, então arcebispo de São Paulo, a propósito da preservação do acervo de bens culturais de natureza religiosa do Brasil: “De norte a sul do País existem inúmeros tesouros que foram, até agora, em grande parte, preservados graças à ação sempre presente da Igreja. São capelas, oratórios, igrejas, monumentos, museus, que abrigam incontestável riqueza em arte sacra e outras formas de manifestação cultural. Essa herança precisa ser resguardada. Resgatando os valores fundamentais se preserva a cultura de um povo.”

Marcel Reymond, em sua obra De Michel-Ange a Tiepolo, referindo-se às igrejas após o Concílio de Trento, expõe o que delas se espera: “(...) as igrejas abertas aos mais humildes, aos mais deserdados, deveriam ser mais belas que os palácios dos reis. Nesse santuário, encontrareis vós, os mais pobres dos homens, tesouros e festas artísticas que estavam reservadas somente aos príncipes da terra.” Não é outra a sensação de que somos tomados ao ingressar em qualquer igreja da assim chamada escola franciscana do Nordeste? As igrejas “todas de ouro”, motivo de orgulho e ciúmes da população, mantêm suas portas permanentemente abertas.

A luz vacilante das velas permanentemente recriando os relevos em ouro, o aroma do incenso e a discreta presença da música fazem da emoção artística o início da emoção religiosa.

Ao lado das igrejas conventuais, as capelas das irmandades leigas são testemunhos vivos da capacidade da população civil de se organizar para honrar o santo de sua devoção. São José é honrado pelos carpinteiros; São Benedito, pelos cozinheiros; Nossa Senhora dos Navegantes zela pelos homens do mar, Santa Ifigênia, pelos negros. Todas as capelas, todavia, mantêm portas abertas, para acolher indistintamente todo o povo.

Na região do ouro ocorreu um fato imprevisto: a proibição das ordens religiosas. O rei foi taxativo: “Que se lançasse fora os padres que não tivessem ministério e à força, se de outra forma não quisessem sair.”

Sem os conventos, o poder leigo veio suprir as aspirações religiosas da população. Aos poucos, foram despontando na paisagem as belíssimas capelas mineiras, com expressões artísticas de indiscutível originalidade já no emprego de novos materiais, como a pedra-sabão, ou o surgimento de talentosos artistas nas variadas formas de expressão, à semelhança da pintura dos tetos que rompem as limitações visuais e nos remetem diretamente aos céus.

Os objetos de devoção transcendem sua finalidade primeira. Participam da vida da comunidade. A imagem de São Jorge, por exemplo, percebia soldo correspondente à sua patente e comparecia às procissões “montado” a cavalo.

Nessas manifestações se observa o primado do visual: o sacerdote protegido por um pálio apresenta aos fiéis um ostensório (coerente com a etimologia) e as famílias, por sua vez, estendem toalhas ornadas com flores no peitoril das janelas. À noite, velas e archotes criam relações imprevistas ou até dramáticas no espaço urbano.

Essa devoção é transferida aos pequenos oratórios no interior das residências, onde se abrigam pequenas obras de artistas de mérito. “Tudo na condição de reintegrar a obra de arte no seu momento histórico, reencontrando os processos que a geraram e as estruturas que o condicionaram”, como recomenda Maurizio Fagiolo.

Com o esgotamento das minas e o conseqüente fim do chamado ciclo do ouro, as capelas foram paulatinamente sofrendo um esvaziamento e muitas irmandades ficaram sem recursos, reclamando um cuidado especial quanto a seu acervo. Fora do quadro cultural em que foi concebido, esse acervo perde muito de seu significado.

Daí o sentido dos museus de arte sacra, onde cada peça encontra ambientação junto às suas congêneres, ocorrendo um convívio harmonioso e a perspectiva de sua preservação e restauração.

A esse pr

http://www.estado.com.br/editorias/2008/02/06/opi-1.93.29.20080206.3.1.xml

Jornal O Estado de São Paulo

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