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O que se esconde atrás do lixo


O Estado de São Paulo - 29.02.08

O que se esconde atrás do lixo

Washington Novaes

É muito raro que se passe um dia sem que esteja na comunicação alguma notícia sobre os dramas na área do lixo em todo o País. São aterros sanitários que se esgotam - como em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Recife e outras capitais -, são licitações questionadas na Justiça, são cidades à voltas com inundações agravadas por redes de drenagem entupidas por lixo não coletado, são áreas degradadas pela deposição de entulhos de construção. Muitos dramas. Há poucos dias mesmo, a Prefeitura de São Paulo teve de suspender, a pedido do Tribunal de Contas do Município, uma licitação para contratar uma empresa que se encarregue de reciclar entulhos da construção civil - e eles são um problema grave, pois em quase todas as cidades seu volume supera o do lixo domiciliar e comercial.

Na verdade, a questão dos resíduos vai assumindo proporções cada vez mais preocupantes no País. Não custa repetir dados do IBGE (2002), segundo o qual cerca de 230 mil toneladas só de lixo domiciliar e comercial são coletadas a cada dia no País - sem incluir a maior parte dos resíduos da construção, lixo industrial, de estabelecimentos de saúde, lixo perigoso e lixo rural. Dos 230 milhões de quilos diários coletados em 5.471 dos 5.507 municípios, diz o IBGE que pouco mais de 40% chegam a aterros sanitários, mesmo incluindo os que não atendem a todas as condições. A maior parte continua sendo despejada em lixões a céu aberto. E os índices de reciclagem em unidades mantidas pelo poder público é insignificante.

Segundo o Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), a situação só não é mais dramática porque as centenas de milhares de catadores de lixo no País respondem pela quase totalidade dos 95% de latas de alumínio encaminhadas para a reciclagem, assim como recolhem 33% do papel descartado, 46% dos vidros e 16,5% do plástico. Estudo feito na cidade de São Carlos mostrou que, sem os catadores, mais 39% do lixo iria para o aterro. A não reutilização ou reciclagem de materiais gera muitos problemas: apressa o fim da vida útil de aterros; impõe pesados custos de coleta e destinação dos resíduos às municipalidades; e deixa de gerar trabalho e renda principalmente para setores carentes, na coleta seletiva, separação e reciclagem do lixo.

Uma demonstração numérica da gravidade dessas questões está num trabalho há pouco publicado pelo Waste Management Research (http://sagepub.com), sobre pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em Sorocaba, pelo professor Sandro Donnini Mancini e por alunos do curso de Engenharia Ambiental. Ele mostra que nada menos de 91% do lixo depositado no aterro de Indaiatuba (135 toneladas diárias produzidas por 175 mil habitantes) poderia ser reutilizado ou reciclado. Pode-se, a partir daí, calcular o gasto improdutivo do poder público, financiado pela sociedade. Na média, cada tonelada de lixo pode custar até R$ 100 para ser coletada e ter destinação adequada em aterros, nas cidades médias e grandes. Se esses números forem válidos para o local da pesquisa, 135 toneladas diárias significarão um gasto de R$ 13.500 por dia ou R$ 4,05 milhões em 300 dias anuais. E 91% disso, passível de reutilização ou reciclagem, se traduz em R$ 3,68 milhões.

A pesquisa mostra ainda que os restos de comida são 40% do lixo (54 mil quilos), que se somam a quase 14% de restos de poda de jardins e canteiros e poderiam, juntos, destinar-se à compostagem e resultar em fertilizantes. Os 72,5 mil quilos diários desse lixo orgânico exigem 250 m³ para serem depositados no aterro, e representam 21,3% do volume total (não do peso). Papel e plásticos são outros itens que representam maior volume. Só o lixo de banheiro chega a 3,6% do peso e 5,1% do volume e precisa de 60 m³ diários para ser depositado. O alumínio, que vale muito para os catadores, significa apenas 0,5% do peso e 0,9% do volume. Também o vidro, valorizado, soma 1,9% do peso e 1% do volume. E, curiosamente, “sapatos”, muito descartados em áreas de baixa renda, significam 1,5% da massa e 1,

http://txt.estado.com.br/editorias/2008/02/29/opi-1.93.29.20080229.2.1.xml

Jornal O Estado de São Paulo

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