Professor cria difusores acústicos |
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Governo do Estado de São Paulo - 04.03.08 |
Professor cria difusores acústicos
Terça-feira, 04 de Março de 2008 às 10h15
O professor José Augusto Mannis, do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), muniu-se do conhecimento acumulado nas áreas de música, engenharia e design para criar três novos tipos de difusores acústicos. A inovação já tem patente solicitada e a novidade pode ser usada em auditório, estúdio de gravação e sala de cinema.
Em cada ambiente, a reverberação (preenchimento) do som no espaço é variável. Essa diferença no fenômeno físico influi no tempo de execução das notas musicais pelo instrumentista. Em grandes salas, ou auditórios, a tendência é induzir uma execução mais lenta.
“Mesmo sendo benéfica, a reverberação em demasia contribui para a confusão das notas. E cada músico molda a maneira de tocar em função da resposta acústica da sala. O único instrumento musical isento do problema é o piano, por possuir pedal de ressonância”, explica o pesquisador Mannis.
Os difusores criados na Unicamp atenuam o problema e distribuem o som no ambiente, assegurando uniformidade e conforto acústico para artistas e platéia. A pesquisa começou há 11 anos, quando o autor foi convidado a fazer o acabamento do Laboratório de Acústica Musical e Informática (Lami) da Universidade de São Paulo (USP).
Antecedentes
“Temos no mercado os difusores de Schroeder. Eles espalham bem o som, mas produzem absorção, com atenuação de até cinco decibéis e não atendiam ao meu propósito. O desafio da pesquisa foi conseguir uma difusão sonora sem perdas”, conta.
Assim, Mannis concebeu superfícies difusoras de ondas sonoras para paredes e tetos de salas de audição e de performance musical. São revestimentos com articulações suaves, algumas mais lineares, outras mais arredondadas, e também aquelas em que cada elemento pode ser girado para frente e para trás.
Valorização do design
“As soluções propostas não possuem articulações abruptas e um elemento é sempre diferente do outro. Por isso, em vez da perda de energia, há o espalhamento das ondas sonoras. O importante é o design, independentemente do material utilizado (madeira, gesso, plástico), o que permite também o controle dos custos”, observa.
O projeto de Mannis foi sua tese de doutorado, defendida no último dia 22, sob a orientação do professor Jonatas Manzolli. Incluiu conceitos como fundamentos teóricos da música, revisão e avaliação de princípios acústicos, tipologia das simetrias e elementos da composição serial, que inspiraram os novos difusores.
Série dodecafônica
A maior parte das soluções foi encontrada de forma intuitiva. Mannis observou a associação da teoria de Schroeder – que se baseia numa fórmula matemática para ajustar a profundidade dos elementos da superfície difusora em relação à faixa de freqüência – com o sistema de composição atonal (que não tem tonalidade definida) de Schoenberg, de 12 sons, a série dodecafônica.
“Os difusores de Schroeder são criados a partir de uma série de números alinhada segundo esquemas simétricos complexos. Digo que é um colar de números, pois eles não se repetem no alinhamento estrutural, e só reaparecem em ordens simétricas. Quando a simetria é mais complexa, como num difusor de Schroeder em esquema fractal, a difusão é melhor”, informa Mannis.
Na parede e nas salas de cinema
José Augusto Mannis intuiu que a série dodecafônica, tendo os sons substituídos por números, poderia ser literalmente aplicada na parede, visando ao cálculo de ângulos, inclinações, larguras, espessuras, alturas, diâmetros e a definição de materiais apropriados para chegar a um difusor livre de absorções.
O autor da tese criou um programa de computador que, alimentado com os números, desenha as formas de superfícies difusoras na tela, até chegar aos três tipos patenteados. A última versão, porém, foi inspirada em um caminhão carregado de canos, que Mannis não conseguia ultrapassar na estrada. “Serializei o raio dos canos e criei um difusor de semicilindros, onde a onda sonora sofre desvios continuamente variados, espalhando-
http://www.saopaulo.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=92785&c=6&siteID=1
Jornal da Unicamp
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