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Leishmaniose visceral cresce 61% em 5 anos no país


O Estado de São Paulo - 10.03.08

Casos de leishmaniose visceral crescem 61% em 5 anos no país
Em Brasília, fiscais sanitários planejam ação para tentar conter avanço da doença em animais

Lígia Formenti, BRASÍLIA

Fiscais sanitários preparam-se para realizar neste mês uma ação nas casas do Lago Norte, bairro de classe média alta de Brasília, para tentar conter o avanço da leishmaniose visceral, doença até pouco tempo concentrada em zonas pobres e rurais. A medida é uma resposta ao aumento de registros de cães contaminados, o que eleva o risco de transmissão para o homem. Só em uma semana foram confirmados três casos de contaminação de animais no bairro. Mas o fenômeno registrado no Lago Norte não é isolado.

O País assiste nos últimos anos a um aumento significativo do número de casos da doença em humanos que, quando não tratada, mata até 90% dos pacientes. Em 2001, foram 2.806 infecções confirmadas no Brasil. Em 2006, esse número saltou para 4.526 casos - aumento de 61,3%. A taxa de mortalidade também subiu em um ritmo semelhante. Cresceu de 169 mortes pela doença para 308 no mesmo período (82,3%).

Além disso, a leishmaniose visceral está presente hoje em 20 Estados. A pior situação, em 2006, foi a do Ceará, onde foram confirmados 897 casos da doença. Em São Paulo, a infecção apresenta trajetória de aumento. Em 2001, 94 pessoas estavam contaminadas. Em 2006, esse número foi a 289. “O tratamento é difícil e dolorido. O remédio é muito antigo e tóxico”, diz o infectologista Marcos Boulos, da Universidade de São Paulo (USP). A veterinária Maria Isabel Rao Bofill, da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, diz ser “um fenômeno grave”. “A doença é de difícil controle e seu combate nem sempre tem o apoio da população.”

O Ministério da Saúde, por meio de nota, informou que vem apoiando financeiramente locais que registram surtos ou a introdução da doença e que a realização de campanhas não é atribuição só do governo federal. Na nota, o ministério diz que tem apoiado atividades de treinamento e preparação de cartazes.

APELO EMOCIONAL

Para combater a leishmaniose visceral, é preciso eliminar o inseto transmissor, conhecido como mosquito-palha ou birigüi, e adotar medidas ambientais. Algo que a experiência da dengue mostrou ser tarefa árdua. No caso da leishmaniose há um complicador: cachorro contaminado tem de ser sacrificado porque é um reservatório do protozoário e, se picado pelo mosquito, há fácil transmissão para o homem. “Há um forte apelo emocional. É difícil para os donos, principalmente quando o animal não tem sintomas”, diz Maria Isabel. Boa parte dos cachorros demora anos para apresentar sinais de infecção - feridas no corpo, perda de pêlo, secreção nos olhos e emagrecimento.

O professor de contabilidade Rogério Koerich ainda se emociona ao falar da rottweiler Bila, de 4 anos, que foi sacrificada em janeiro. “Sabia que aconteceria mais dia menos dia. Foi muito doloroso.” Morador do Lago Norte, ele notou que a cadela começou a emagrecer no fim de 2007. Em dezembro, veio o diagnóstico. “Embora seja uma área muito valorizada, aqui há terrenos vazios que os donos não limpam. Área fértil para proliferação dos mosquitos.”

Além da falta de campanhas, outra falha apontada é o trânsito de animais. “Não há no Brasil medida efetiva para controlar o trânsito de animais domésticos, uma brecha para o controle das zoonoses”, diz Maria Isabel.Questionado, o ministério, por meio de nota, admitiu que o deslocamento pode colaborar para a expansão da doença, mas argumentou que a “discussão quanto à resolução do problema é bem mais ampla”.




http://www.estado.com.br/editorias/2008/03/10/ger-1.93.7.20080310.1.1.xml

Jornal O Estado de São Paulo

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