Unipalmares entrega primeiros canudos |
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Folha Online - 14/03/2008 |
Unipalmares entrega primeiros canudos em festa de autoridades
RENATO SANTIAGO
da Folha Online
Cento e dez formandos em administração de empresas negros e dezesseis brancos receberam nesta quinta-feira (13), no ginásio do Ibirapuera (zona sul de São Paulo), os primeiros canudos da Unipalmares, a universidade "que era uma portinha e duas salas na Armênia", nas palavras dos próprios alunos.
A cerimônia teve a participação, apenas no palco, de seis ministros, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), do governador tucano de São Paulo, José Serra, do ex-governador Geraldo Alckmin (paraninfo), da secretaria de Estado do Rio, Benedita da Silva (paraninfa), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o patrono da turma, além de outras autoridades, como o senador Cristovam Buarque (PDT) e Eduardo Suplicy (PT) na área vip.
Caio Guatelli/Folha Imagem
Unipalmares entrega canudos aos primeiros formandos; presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi patrono da turma
"É glamour para eles, né? Eu acho que é jogada de marketing. Eu pelo menos nunca vi nenhum deles na faculdade", diz a formanda Silene Thomaz de Aquino, que cursou os quatro anos da universidade ao mesmo tempo que criou um filho de oito anos e uma de um ano e sete meses.
A Unipalmares foi criada em 2003, fruto de ação da ONG Afrobras, em um pequeno prédio na rua Pedro Vicente, próximo à estação Armênia do metrô. "Entramos em uma faculdade de madeira", diz a telefonista do Palácio dos Bandeirantes Benvinda Medalha Pereira, 60, a mais velha aluna de sua turma.
"Nós não começamos a estudar e não sabíamos nem se o curso ia ser aprovado pelo MEC [Ministério da Educação]", conta Kátia Botelho, 22. Em 2007, a Unipalmares abriu o curso de direito, no qual Benvinda será uma das alunas. Ela já passou no vestibular e deve começar a freqüentar as aulas no segundo semestre deste ano.
Empregos
Além do diploma na mão, os estudantes celebraram os empregos que conseguem. Dos 1.700 alunos da universidade, 85% deles estão empregados. Entre os formandos, 40% trabalham em bancos como Itaú, Santander e Real graças a convênios firmados. "Paga bem sim", resume Roberto Cláudio Batista, 29, funcionário do Bradesco.
Batista conta que se formou perto dos 30 porque quanto tinha a idade com a qual a maioria dos estudantes ingressa na universidade, não podia estudar. "Tentei outras faculdades, mas não dava para pagar e tive que ficar parado", afirma.
A trajetória dele é a mesma que a da maioria dos formandos. Sua colega Denise dos Santos Soares, 29, não entrou na faculdade após o ensino médio e teve que apelar para cursos técnicos de contabilidade e informática. "Essa é a regra, a exceção sou eu", diz Kátia, 22.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u381800.shtml
Jornal Folha de São Paulo
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