Encontrados ingredientes da vida em sistema solar |
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Globo.com - 19.03.08 |
Astrônomos acham ingredientes da vida em sistema solar em formação
Pesquisa indica que elementos necessários à vida existem em outros planetas.
Achado tem impacto nas teorias que explicam a formação desses astros.
Salvador Nogueira
Do G1, em São Paulo
Estamos sós no Universo? Ninguém sabe a resposta, mas uma coisa já é certa: se estivermos, não foi por falta dos ingredientes essenciais à vida em outros locais do cosmos. Estudando uma estrela jovem e relativamente próxima, uma dupla de cientistas concluiu que os arredores do astro -- justamente onde estariam se formando planetas como a Terra -- estão cheios de água e outros compostos orgânicos que servem como tijolos construtores da vida.
Concepção artística de disco de gás e poeira ao redor da jovem estrela AA Tauri (Foto: Nasa)
A descoberta foi feita com o Telescópio Espacial Spitzer, da Nasa, ao redor de AA Tauri, uma estrela com menos de 1 milhão de anos a cerca de 450 anos-luz de distância (1 ano-luz é a distância que a luz percorre no espaço em um ano, cerca de 9,5 trilhões de km). Em termos astronômicos, ela é praticamente uma estrela-bebê (o Sol, em comparação tem 4,7 bilhões de anos). Isso significa que ela deve estar ainda na fase em que seus planetas ainda estão se formando -- e é aí que entra o achado de John Carr (do Laboratório de Pesquisa Naval da Marinha dos EUA) e Joan Najita (do Observatório Nacional de Astronomia Óptica, em Tucson, Arizona).
Com uma nova técnica de análise, eles conseguiram investigar a composição do disco de gás e poeira que estaria produzindo os planetas ao redor desse astro. A uma distância de mais ou menos três unidades astronômicas (1 UA equivale à distância média Terra-Sol, cerca de 149,5 milhões de quilômetros). "É um grande avanço ser capaz de estudar o gás na região do disco em que os planetas se formam", disse Carr, em entrevista ao G1. "As observações abrem uma nova janela para as condições químicas e físicas nos ambientes em que os planetas se formam.
No disco, os cientistas descobriram traços fortes de moléculas simples baseadas em carbono, como cianeto de hidrogênio, acetileno e gás carbônico. Mas o que mais surpreendeu a dupla foi a presença de água, numa quantidade bem maior do que se esperava.
"Embora esperássemos que água fosse abundante no disco, foi uma surpresa encontrá-la de forma tão abundante perto da superfície do disco, de onde se originam as emissões que observamos", diz Carr. "A força observada dos traços que vimos é uma dica importante para entendermos como as moléculas são criadas, destruídas e transportadas nos discos." Em bom português, o achado ajuda a identificar que peças estão disponíveis aos planetas em formação.
Gigantes em xeque
A presença de muita água na região do disco mais ligada aos planetas do tipo terrestre (mais próximos da estrela) coloca em dúvida o processo pelo qual os planetas gigantes, como Júpiter e Saturno, se formariam. Carr admite a ligação, mas diz que ela é apenas indireta.
"À abudância de gelo de água na região externa do disco é atribuída um papel importante no início da formação de um planeta gigante pelo surgimento de um núcleo planetário gelado. Os tijolos desses núcleos planetários são pedaços menores de gelo e rocha", explica.
O problema é que eles encontraram muito vapor d'água na região interna -- o que pode indicar que o gelo fugiu da região externa, onde ele era necessário para a formação dos gigantes, e foi parar como gás na parte de dentro do disco.
"Se a maior parte da água do disco estivesse presa como gelo na parte externa do disco, os planetas gigantes poderiam se formar muito rápido", diz Carr. "Esse não parece ser o caso em AA Tauri, porque observamos muito vapor d'água na parte interna. Isso não significa que formar planetas gigantes seja difícil; basta que haja gelo suficiente. Até que os astrônomos possam medir diretamente a quantidade de gelo no disco, nossas medições de vapor d'água fornecem apenas informação parcial e indireta sobre a formação de planetas gigantes."
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL355501-5603,00.html
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