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Aposentar-se pode ser prejudicial à saúde


Folha de São Paulo - 03/04/2008

Estudo mostra que deixar o mercado de trabalho pode levar a desânimo e doenças

IARA BIDERMAN
Colaboração para a Folha de S.Paulo

Uma pesquisa recente adverte: "Aposentar-se pode ser prejudicial à saúde". Publicado em março no American Journal of Epidemiology, o levantamento, da Universidade de Atenas (Grécia), acompanhou cerca de 17 mil homens e mulheres por quase oito anos. Os participantes não tinham doenças prévias, como as cardiovasculares, diabetes ou câncer. No fim do estudo, foram feitos ajustes estatísticos para que condições como tabagismo, obesidade e sedentarismo não influenciassem os resultados. Em números: os aposentados apresentaram 51% mais risco de morte em relação aos que continuaram trabalhando.

Bruno Miranda/Folha Imagem

Patrícia Raymundo, 55, aposentou-se aos 44 e depois resolveu ser voluntária em uma ONG
O risco cresce em proporção inversa à idade do aposentado: quanto mais jovem, maior chance de morte. Entre os participantes que tinham menos de 55 anos, por exemplo, 9% dos aposentados morreram no decorrer do estudo, contra apenas 1% de morte entre os não--aposentados.

"Concluímos que a aposentadoria precoce pode ser um fator de risco de mortalidade em geral e, particularmente, de morte decorrente de doenças cardiovasculares em pessoas aparentemente saudáveis", disse à Folha por e-mail a coordenadora da pesquisa, Christina Bamia, do departamento de higiene e epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Atenas.

Para Bamia, os dados contradizem a percepção generalizada de que a aposentadoria levaria a uma melhor qualidade de vida e ao aumento da longevidade. No entanto, ela diz não ter dados para explicar os motivos que levam às doenças e à morte."Com os dados disponíveis no estudo, não podemos indicar os mecanismos que estão por trás dessa associação, mas suspeitamos que a aposentadoria pode envolver a deterioração do status econômico, o abandono de hábitos saudáveis ou a adoção de hábitos prejudiciais à saúde, além de todas as conseqüências psicossociais que ela envolve."

Os fatores psicossociais são considerados decisivos pelo cardiologista Roque Savioli, diretor da Unidade de Saúde Suplementar do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo). "Estudos mostram a importância desses fatores no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Em minha experiência clínica, percebo como é comum o aposentado experimentar uma falta de objetivos e de sentido na vida, que leva à depressão. Assim, passa a não se cuidar, abandona as atividades físicas, enfim, contribui ainda mais para o surgimento da doença", diz.

Embora o estresse profissional também seja um fator de risco para a saúde do coração, Savioli acredita que, ao se aposentar, a pessoa pode ser submetida a outros tipos de estresse, não menos importantes do que os vividos no trabalho."Entre eles, o estresse marital. Quanto mais tempo a pessoa fica ociosa, maior a probabilidade de surgirem conflitos com os familiares", afirma o cardiologista.

Ficar ocioso e sem perspectiva é o problema. "A aposentadoria em si não mata, mas sim a forma como ela é encarada", diz Lucia França, professora do mestrado em psicologia da Universidade Salgado de Oliveira (no Rio de Janeiro) e autora de "O Desafio da Aposentadoria" (ed. Rocco).

Ela diz que se aposentar bem ou mal é algo relacionado a uma série de atitudes tomadas durante toda a vida profissional, e não apenas na hora de encerrá-la. "Se o profissional é envolvido demais com a organização onde trabalha, deixar o emprego pode gerar depressão e doenças", aponta. Outras atitudes importantes são equilibrar a vida profissional com a pessoal e diversificar interesses --quem faz isso tem mais chance de encontrar atividades que tragam realização ao deixar o emprego formal.

Valor social

Um aspecto que nem sempre é percebido, mas que, para França, pode estar na origem do estresse nas relações familiares, é a percepção de perda de status, do valor social que a pessoa tinha vinculado à sua ocupação profissional. Em contrapartida,

http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u388482.shtml

Jornal Folha de São Paulo

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