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Crise no ensino de matemática


O Estado de São Paulo - 04.04.08

Crise no ensino de matemática


Embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) tenha estabelecido que a partir de 2007 todos os professores do último ciclo do ensino fundamental e das três séries do ensino médio tivessem licenciatura, essa determinação continua sendo ignorada até hoje. A LDB estabeleceu que os docentes do ensino infantil e do primeiro ciclo do ensino fundamental tenham curso de Pedagogia ou curso normal superior - determinação que também não foi cumprida. A exigência já constava da primeira LDB, editada em 1961.

A situação é mais grave nas ciências exatas, nas áreas de química, física e, principalmente, matemática. O último relatório da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que desde o fim de 2007 assumiu também a responsabilidade pela formação de docentes para a educação básica, mostra que somente 20% dos professores de matemática do ensino médio têm formação universitária específica.

Outros 21% são graduados em áreas que envolvem matemática aplicada, como Processamento de Dados. Há ainda quem venha de áreas distantes, como Letras e Ciências Sociais. E cerca de 23% dos professores de matemática só completaram o ensino médio. No Norte e no Nordeste, 36,9% e 36,1%, respectivamente, dos professores de matemática não têm formação superior.

As conseqüências do descumprimento das determinações da LDB têm sido detectadas pelos mecanismos de avaliação em todos os níveis de ensino. No ensino superior, a média em matemática é a mais baixa nas provas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). No Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, só 6% dos alunos têm o nível desejado nessa disciplina. Os últimos números do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), divulgados há duas semanas, revelam que 71% dos estudantes terminam o ensino médio sem conhecimentos básicos de matemática.

Os levantamentos comparativos também são alarmantes. No relatório de 2007 do Program for International Student Assessment (Pisa), elaborado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os estudantes brasileiros só ficaram à frente dos estudantes da Tunísia, Catar e Casaquistão, em matemática.

Além de enfrentar dificuldades para realizar operações elementares de soma, subtração, multiplicação e divisão, grande número de estudantes brasileiros não consegue mensurar grandezas e medidas. Por causa da formação deficiente em matemática dos alunos em todos os ciclos de ensino, há no mercado de trabalho uma grande carência de pessoal de nível técnico, de engenheiros e de cientistas. A situação é tão crítica que o Ministério da Educação (MEC) está preparando medidas de emergência para suprir o déficit de professores de ciências exatas na educação básica e criar, nos cursos de graduação, um sistema de incentivos que atraia os alunos de matemática para a docência na rede escolar pública e privada.

O número de bacharéis formados nessa área do conhecimento está abaixo do necessário. Além disso, a maioria é atraída pelos salários pagos pelo sistema financeiro e pelas empresas do setor de informática, muito mais altos que os salários do magistério. “Estamos mapeando o que chamamos de ‘inimigos da educação’, que são a falta de licenciados para o ensino, a evasão profissional dos formados para outros empregos e os currículos das universidades, que são incompatíveis com a docência para a educação básica”, diz o diretor da Capes, Dilvo Ristoff. “Fizemos uma estimativa e, no ritmo que estamos, com o número de formandos anuais e perda para outras funções, levaríamos 80 anos para suprir a demanda e ter todos os docentes de ciências exatas graduados”, conclui.

Essa situação reflete o descaso de décadas com a formação de professores. Tivessem as autoridades educacionais cumprido o que a Lei de Diretrizes e Bases determina desde 1961, o ensino de matemática e de outras disciplinas não teria chegado à situação calamitosa em que se encontra.

http://www.estado.com.br/editorias/2008/04/04/edi-1.93.5.20080404.2.1.xml

Jornal O Estado de São Paulo

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