Nova confusão envolve a tocha |
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O Estado de São Paulo - 09.04.08 |
Nova confusão envolve a tocha
Integrantes do COI defendem cancelar o revezamento. O presidente Rogge, por enquanto, descarta a possibilidade
Pequim
A tumultuada passagem da tocha olímpica por Paris, na segunda-feira, irritou dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI), que passaram a defender o cancelamento do revezamento mundial. A enorme recupercussão em todo o mundo levou o presidente do COI, Jacques Rogge, a se manifestar na noite de ontem. Depois de pôr em dúvida a continuidade do evento que antecede o início dos Jogos por causa dos violentos protestos de manifestantes franceses contra a política da China no Tibete, Rogge negou a possibilidade do cancelamento, pelo menos por enquanto. 'Houve um mal-entendido', disse.
O caso será discutido amanhã e na sexta-feira na reunião do Comitê Executivo, em Pequim. O francês Guy Drut, um dos representantes do COI, faz parte do grupo favorável ao cancelamento. 'Os membros do COI tomarão sua decisão, que será anunciada nos próximos dias. Mas, de minha parte, se é para continuar assistindo a esse tipo de espetáculo, vale mais parar agora.' O irlandês Patrick Hinckey acredita que a maioria votará para que o revezamento ocorra apenas no país-sede da Olimpíada.
Integrantes do Comitê Organizador da Olimpíada de Pequim (Bocog) não admitem qualquer alteração no percurso do símbolo olímpico e defendem a realização normal das outras etapas do revezamento. 'Nenhuma força pode deter a passagem da chama olímpica dos Jogos de Pequim', declarou o porta-voz do Bocog, Sun Weide. Weide ignorou os problemas de segunda-feira, em que manifestantes realizaram barricadas em Paris que obrigaram os organizadores do revezamento a apagar a tocha e colocá-la dentro de um ônibus, junto das várias pessoas que deveriam conduzi-la.
Antes de rejeitar a possibilidade de medidas mais drásticas, Rogge havia dito que a decisão ficaria a cargo da entidade. 'Não vou dizer o que é certo ou não. Haverá uma discussão no Comitê Executivo sobre o revezamento, mas não vou especular. Depois vocês (jornalistas) saberão a decisão do COI.'
Após os incidentes em Paris, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que só irá à cerimônia de abertura se houver diálogo entre a China e o dalai-lama, algo que o chanceler Bernard Kouchner admite ser complicado. Os chineses, afinal, ficaram muito irritados com as manifestações.
CHINESES NA CONTRAMÃO
Os jornais chineses oficiais praticamente ignoraram os problemas ocorridos na França. Eles preferiram mostrar o lado festivo do evento e criticaram o que chamaram de atitude 'desprezível' dos grupos pró-Tibete. Para eles, os protestos foram 'irrelevantes e insignificantes'.
A tocha chegou ontem a São Francisco, nos Estados Unidos, para o revezamento previsto para hoje. Um terço da população local tem ascendência asiática. Como em outros lugares, o policiamento foi bastante reforçado, mas os manifestantes simpáticos à causa do Tibete já preparam atividades. A passagem da chama por Chinatown, um dos mais populoso bairros da cidade da Califórnia, foi cancelada.
O artefato chegará amanhã a Buenos Aires, única cidade da América do Sul que visitará. Emanuel, medalha de ouro em Atenas-2004 no vôlei de praia, ao lado de Ricardo, será o brasileiro a carregar o símbolo olímpico na Argentina.
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Jornal O Estado de São Paulo
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