Um museu para os dias de resistência |
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Um museu para os dias de resistência
O Levante de Varsóvia, que durou 63 dias e levou à destruição da cidade, conta com exposição interativa
Flávia Guerra - O Estado de S.Paulo
- A sensação é que, a qualquer momento, um bombardeio vai devastar tudo à sua volta. Nessa hora, sobram apenas os escombros de uma cidade arrasada para se esconder. Assim é o Museu do Levante de Varsóvia (www.1944.pl), localizado no centro histórico da capital polonesa. Trata-se de um dos mais vivos testemunhos do que foi a resistência dos poloneses às invasões do exército alemão.
Por apenas 4 zlots (não muito mais que R$ 6), o visitante pode descobrir como era viver, e lutar, na Varsóvia de agosto 1944, mês do início da resistência que marcou a destruição quase total da cidade e a capitulação final da Polônia.
É preciso lembrar que o Levante do Gueto de Varsóvia havia ocorrido há um ano (em 18 de janeiro de 1943), quando, diante da certeza de que não estavam sendo enviados para campos de trabalho forçado, mas para campos de extermínio em massa, os poucos judeus que ainda sobreviviam a anos de maus-tratos resolveram morrer com honra em vez de serem simplesmente esmagados pelos nazistas em Treblinka.
Os poloneses que comandaram o Levante de Varsóvia ainda viam um fio de esperança no fim dos túneis que cavaram e por onde percorriam os subsolos da capital. Tudo começou em 1º de agosto de 1944.
A população judaica de Varsóvia já havia sido dizimada. A destruição, com a tomada dos bairros judeus e a criação do gueto, atingia a fase final. Foi então que os resistentes poloneses resolveram formar o Exército Clandestino Polaco (Armia Krajowa) e resistir com poucas armas, a maioria improvisada.
Às 17 horas do dia 1º, a Operação Tempestade (Operation Burza) deu início à luta ingrata de soldados e civis (entre eles, muitas mulheres e crianças). As tropas polonesas resistiram às forças alemãs até 2 de outubro de 1944. Foram 63 dias de batalha. A Polônia perdeu 18 mil soldados - outros 25 mil ficaram feridos - e mais de 250 mil civis, a maioria morta em execuções em massa. Do lado alemão, 17 mil soldados morreram e 9 mil ficaram feridos.
Quando tudo terminou, cerca de 85% de Varsóvia havia sido destruída - mesmo depois de vencer a batalha, as tropas alemãs incendiaram cada bairro da cidade.
Essa é a história que o Museu do Levante conta de forma inovadora. Em cada parede, com vídeos, fotos do conflito e testemunhos dos sobreviventes, há um calendário com o dia em que os fatos ocorreram.
No hall central do museu, um avião nazista original sobrevoa uma Varsóvia fictícia em ruínas. Os sons dos bombardeios atrapalham a explicação dos guias aos turistas. No caminho que conduz à capitulação, o visitante pode percorrer uma réplica dos túneis de esgoto usados pelos resistentes. No teto é possível ver as inscrições Uwaga! Nazi! (Cuidado! Nazistas!).
Museu do Levante de Varsóvia: Rua Grzybowska, 79; tel.: (00--48-22) 539-7905
http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup164546,0.htm
Jornal O Estado de São Paulo
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