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Cientistas salvam hominídeo de rebaixamento


Folha Online - 06/05/2008

Grupo de cientistas salva hominídeo de "rebaixamento"


RAFAEL GARCIA
da Folha de S.Paulo

Um grupo de cientistas sul-americanos pode salvar uma espécie de hominídeo de ser "expulsa" da condição de humana. Há mais de uma década, antropólogos físicos fazem campanha para que o Homo habilis, que viveu há cerca de 2 milhões de anos, perca o direito de pertencer ao gênero Homo, reservado apenas para espécies mais próximas dos humanos modernos. Mas quatro argentinos e um brasileiro apresentam agora evidências fortes de que o H. habilis possa continuar pertencendo ao seleto clã.

A defesa do fóssil ameaçado, na verdade, foi subproduto de um estudo que os cientistas publicaram domingo (4) no site da revista científica "Nature". O trabalho, liderado pelo bioantropólogo argentino Rolando González-José, do Centro Nacional Patagônico, introduz um novo método para estimar o parentesco evolutivo entre diferentes espécies de hominídeos.

Usando técnicas matemáticas novas, os cientistas conseguiram criar um sistema único de análise que deu conta de estimar de modo coerente o parentesco entre diversos "avós", "tios" e "primos" do Homo sapiens. Conhecer a relação entre eles é fazer a "cladística", no jargão da biologia.

O que González-José e colegas criaram foi uma maneira de analisar os crânios que levasse em conta forma gradual com que suas características mudam entre diferentes fósseis ao longo dos séculos.

"A análise cladística trabalha com o que se chama "estado de caráter", ou seja, a presença ou ausência de características", explica o bioantropólogo Walter Neves, da USP, co-autor do estudo. "Algumas dessas coisas ocorrem nessa forma de "ausência ou presença", mas na maior parte das vezes os cladistas costumam discretizar [criar divisões de] coisas que na verdade são contínuas."

Além de ajudar a interpretar os resultados que saíram do novo método, o papel de Neves no trabalho foi o de consolidar o banco de dados de medidas cranianas sobre o qual os argentinos trabalharam. Tudo foi feito com base em uma coleção de dezenas de réplicas de crânios de hominídeos que o Instituto de Biociências da USP mantém.

A vingança dos sem-fóssil

Um dos méritos dos cientistas foi saber escolher quais características eram relevantes para análise. Segundo Neves, incluir detalhes muito específicos no trabalho poderia atrapalhar as conclusões, ao invés de ajudar, porque é natural que o crânio de dois indivíduos tenha algumas diferenças, mesmo quando são mesma espécie.

O que González-José fez, ao final, foi incluir no estudo a análise de apenas quatro aspectos que variam entre os fósseis, como a forma do aparelho de mastigação ou a medida da curvatura da base do crânio. A opção pela simplicidade deu a robustez necessária ao método.

Quando o trabalho indicou a proximidade do Homo habilis com os humanos, Neves diz ter se surpreendido, pois apesar de esse hominídeo ser suficientemente inteligente para usar ferramentas, muitas de suas formas lembravam mais as de um grande macaco.

A publicação do trabalho dos sul-americanos na "Nature" foi também uma vitória em um campo onde a concorrência é difícil para argentinos e brasileiros, que não possuem um único fóssil original sequer desses "parentes" do Homo sapiens. Boa parte da experiência do grupo se construiu sobre a análise de crânios de humanos modernos que chegaram à América no fim da Era do Gelo.

"Um nicho que a gente pode ocupar é o de aplicar novos modelos de análise em cima ou de dados que estão na literatura ou, como nesse caso, a partir de réplicas de alta fidelidade", diz Neves. "Mostramos que apesar de a gente ser considerado a "mosca do cocô do cavalo do bandido em pó", a gente ainda consegue uma inserção."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u398961.shtml

Jornal Folha de São Paulo

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