Falta de espaço afeta Biblioteca Nacional no Rio |
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O Estado de São Paulo - 30.05.08 |
Falta de espaço afeta Biblioteca Nacional no Rio
Cerca de 40 mil livros estão fora de acesso da população por não haver prateleira para armazená-los
Clarissa Thomé, RIO
Cerca de 40 mil livros que fazem parte do acervo da Biblioteca Nacional, no Rio, não podem ser consultados. Não que sejam obras raras e mereçam ser poupadas do manuseio para evitar deterioração, mas porque os volumes não podem ser localizados por falta de espaço para armazená-los nas prateleiras. A situação promete melhorar no fim do ano, quando a primeira etapa da Hemeroteca Nacional estará concluída.
Hemeroteca é o nome que se dá ao arquivo de jornais, revistas e publicações em série. No México e na Venezuela há dessas “bibliotecas” exclusivas para os periódicos. Aqui, por causa da Lei do Depósito Legal, tudo o que é publicado tem pelo menos uma cópia na Biblioteca Nacional. Inclusive jornais, revistas e outros periódicos - até mesmo boletins sindicais.
Mensalmente, chegam cerca de 2,5 mil livros e 4 mil exemplares de periódicos. Jornais e revistas já ocupam 17 quilômetros de prateleiras, em seis andares, no armazém da biblioteca. E nem sequer estão bem instalados. A clarabóia deixa entrar a luminosidade nociva à preservação do papel e não há como garantir as condições ideais de temperatura e umidade do ar. “Esse é um prédio tombado e temos de lidar com as limitações impostas. Não podemos fazer uma grande intervenção”, explica o arquiteto da Biblioteca Nacional, Luiz Antonio Lopes de Souza.
A coordenadora do setor de publicações seriadas, Carla Rossana Chianello Ramos, explica que os jornais estão mais suscetíveis à deterioração porque utilizam papel de baixa qualidade e não estão armazenados da maneira ideal - ficam na vertical, quando deveriam ser guardados na horizontal.
Para preservar os periódicos e abrir lugar para os livros, planejou-se a Hemeroteca Nacional. Ficará num prédio no cais do porto, erguido em 1946. A construção pertenceu ao Ministério da Agricultura e era usada para armazenar expurgo de grãos. São quatro andares, cada um com 3 mil m2. “É um edifício planejado para receber peso, como nós precisávamos”, diz Carla.
Um dos andares, dividido em seis módulos, já é suficiente para abrigar todo o acervo de periódicos. No fim do ano passado, o primeiro módulo começou a ser preparado no terceiro andar, com patrocínio de R$ 1,5 milhão da Petrobrás. A primeira etapa foi construir uma subestação de energia capaz de suprir o prédio. A nova subestação tem cem vezes mais potência que a antiga e sua capacidade pode ser expandida em cinco vezes para garantir o funcionamento de elevadores, ar-condicionado, desumidificadores, computadores.
Pequena parte do acervo está na zona portuária - provocando críticas de pesquisadores, que não têm acesso ao material e reclamam das más condições do novo prédio. Quando a obra estiver concluída e for feito o levantamento do que está arquivado, as consultas serão liberadas. Serão necessárias 48 horas entre o pedido do pesquisador e a localização do periódico, que, no início, será folheado no prédio sede da BN. Quando todos os andares forem reformados - não há previsão de data - as consultas serão feitas na própria Hemeroteca.
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Jornal O Estado de São Paulo
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