Progresso na área ambiental ainda é lento no País |
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O Estado de São Paulo - 05.06.08 |
Progresso na área ambiental ainda é lento no País, diz IBGE
No Dia Mundial do Meio Ambiente, estudo mostra que desmatamento e queimadas avançam, o que aumenta a emissão de gases-estufa A poluição passou a ser decorrente principalmente da frota de carros e da queima de florestas País antecipou o cumprimento da meta e reduziu substâncias que destroem a camada de ozônio
Wilson Tosta e Felipe Werneck
Sob cobrança global por fracassar no combate ao avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia - que o coloca entre os líderes mundiais na emissão de gases-estufa -, o Brasil se antecipou no cumprimento das metas internacionais de redução de substâncias que destroem a camada de ozônio. O paradoxo no meio ambiente se destaca na pesquisa Indicadores do Desenvolvimento Sustentável (IDS) Brasil 2008, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O estudo também mostra que a poluição atmosférica brasileira mudou de perfil. As emissões industriais caíram, mas o ar é afetado negativamente pelo aumento da frota de veículos, fruto do crescimento econômico, e pela queima de mata, no Norte e no Centro-Oeste, e de cana-de-açúcar, no Nordeste, em Minas e São Paulo.
Por outro lado, “o Brasil vem reduzindo aceleradamente o consumo de substâncias destruidoras da camada de O3 (ozônio), superando as metas estabelecidas para o País no Protocolo de Montreal”, assinala o estudo. “Observa-se, especialmente, a partir do fim dos anos 1990, uma forte redução no consumo de HALONs, CTCs, CFCs e brometo de metila, compostos com maior potencial de danos à camada de ozônio.” De acordo com dados do Núcleo de Ozônio do Ministério do Meio Ambiente, citados no estudo, a queda nas substâncias foi de 11.198 toneladas para 1.431 t, de 1992 a 2006.
Quanto ao gás carbônico, um dos causadores do efeito estufa, contudo, a situação brasileira se inverte. “No caso do Brasil, a principal fonte de emissão de CO2 é a destruição da vegetação natural, com destaque para o desmatamento na Amazônia e as queimadas no cerrado”, diz o estudo. “Essa atividade responde por mais de 75% das emissões brasileiras de CO2, sendo a responsável por colocar o Brasil entre os dez maiores emissores de gases de efeito estufa.”
O estudo mostra que o problema é antigo: em 1990, de 978,583 milhões de toneladas de CO2 emitidas, 77,5% foram causadas pelo item “mudança no uso da terra e florestas” (derrubada e queimada de matas). Em 1994, houve pequena queda na proporção: de mais de 1 bilhão de tonelada emitido, 75,3% tiveram essa origem. A situação não melhorou até hoje, avaliam os técnicos do IBGE.
Para o responsável pelos indicadores ambientais do estudo, o biólogo Judicael Clevelario Junior, o IDS mostra um quadro contraditório. “Há bons indicadores, mas desmatamento e queimadas ainda têm dados muito ruins”, disse.
O diagnóstico do IBGE congrega 60 indicadores produzidos ou reunidos pelo instituto, na terceira edição do IDS - as duas anteriores foram feitas em 2002 e 2004. Os dados foram distribuídos por quatro dimensões: ambiental, social, econômica e institucional. Os técnicos do órgão tiveram como parâmetro o conceito de desenvolvimento sustentável cunhado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.
ESTABILIDADE
Em relação à qualidade do ar nas cidades, o estudo aponta estabilidade e até redução em alguns poluentes, com exceção do ozônio. “De forma geral, a qualidade do ar nas cidades tem melhorado”, diz Judicael. “No ano passado, não melhorou tanto pelo aumento da frota.” Segundo o biólogo, o problema no Brasil não está mais concentrado nas grandes cidades, “mas nas áreas de fronteira agrícola por causa das queimadas, no chamado Arco do Desmatamento: Rondônia, Mato Grosso e leste do Pará.” O pesquisador também destaca como fonte de emissões as queimadas de plantações de cana-de-açúca
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O Estado de São Paulo
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