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Os problemas do ensino médio


O Estado de São Paulo - 16.06.08

Os problemas do ensino médio


Apesar de antigo, o debate sobre o currículo mais adequado para o ensino médio, que é oferecido aos adolescentes entre 15 e 17 anos, continua inconclusivo. Alguns pedagogos afirmam que ele deveria preparar os alunos para o mercado de trabalho, especialmente para cargos de nível técnico. Outros defendem a tese de que o ensino médio deveria prepará-los para o vestibular. E há quem afirme, com uma visão humanista, que, além de oferecer estudos com “enfoque vocacional”, ele deveria estimular leituras e reflexões críticas, incentivar o desenvolvimento de competências e aumentar a bagagem cultural dos estudantes, preparando-os para as complexidades da vida. Ou seja, ensinando-os a “aprender a aprender”.

Por ter um currículo defasado, que não atende satisfatoriamente a nenhuma dessas propostas, o ensino médio vem enfrentando graves problemas, como evasão e déficit de aproveitamento. Só no Estado de São Paulo, onde há 1,8 milhão de estudantes de nível médio, 327 mil teriam abandonado os estudos ou tentado encontrar vaga em escolas profissionalizantes, entre 2004 e 2007. Nas cidades mais pobres das Regiões Norte e Nordeste, o índice de evasão chega a 50%.

Os indicadores de desempenho também são preocupantes. Em São Paulo, segundo os últimos dados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar (Saresp), 95% dos alunos da rede pública estadual terminam o ensino médio sem ter conhecimento suficiente de matemática. Muitos não dominam nem mesmo as operações aritméticas, não sabendo converter metro em centímetros ou resolver problemas de subtração de números decimais. O levantamento revela que só 5% dos alunos da 3º série do ensino médio atingem o nível de conhecimento em cada disciplina recomendado pela OCDE. Nas provas de língua portuguesa, onde foi registrado um pequeno avanço entre 2005 e 2007 - o nível médio de desempenho dos estudantes passou de “abaixo do básico” para “básico” -, a situação é considerada pelas autoridades educacionais como “menos pior”.

É à luz desse cenário sombrio que se deve examinar a pesquisa feita pela ONG Ação Educativa com as partes mais interessadas no problema - os próprios estudantes do ensino médio. A iniciativa é inédita e os resultados do levantamento foram divulgados com exclusividade pelo Estado. Eles revelam que 43% dos alunos ouvidos em São Paulo, ao entrar na 1ª série do ensino médio, esperavam que a escola os capacitasse tecnicamente para ingressar no mercado de trabalho, e 25%, que ela os preparasse para o vestibular.

À medida que eram aprovados para as demais séries, esses estudantes se decepcionavam com a escola, que não lhes fornecia nem formação técnica para que pudessem encontrar um bom emprego nem preparo para ingressar no ensino superior. Mais preocupante ainda é o fato de 8% dos alunos afirmarem não ter mais qualquer interesse em aprender, só permanecendo na escola para obter o diploma. Desmotivados, eles se queixam da falta de articulação entre o currículo e a realidade social e econômica.

“Qual o ensino médio que a gente quer? Para que ele serve? Ele é uma etapa estratégica para o acesso ao direito à educação e está sem um propósito, sendo oferecido apenas como continuidade do ensino fundamental”, diz a coordenadora da pesquisa da Ação Educativa, Ana Paula Corti. “Além disso, há no momento discussões pelo País embasadas em apostas e dados, mas que não consideram a opinião e os anseios das pessoas que estão na escola”, conclui. “Quando você dá a palavra a eles (estudantes), fica evidente o descompasso entre a escola e as necessidades que têm”, afirma a professora Valéria Leão, da Escola Estadual Jardim Planalto, no Jardim Ângela.

A definição do currículo mais adequado para o ensino médio sempre foi uma das principais dificuldades enfrentadas pelas autoridades educacionais. Ouvir o que as partes mais diretamente interessadas têm a dizer é uma iniciativa importante para ajudar a resolver o problema, sem cair no equívoco de fundir ensino médio com ensino profissionalizante.



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O Estado de São Paulo

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