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Novo museu celebra naturalista da Corte


O Estado de São Paulo - 30.06.08

Novo museu celebra naturalista da Corte

Em seu bicentenário, Jardim Botânico inaugura espaço com mostra sobre o italiano Domenico Vandelli

Felipe Werneck, RIO

No bicentenário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), o grande homenageado é um naturalista que nunca pisou no Brasil. O novo Museu do Meio Ambiente vai abrigar, a partir de sexta-feira, uma exposição sobre o italiano Domenico Vandelli (1735- 1816), que comandou de seu gabinete, em Portugal, uma série de estudos sobre a natureza brasileira e idealizou as “viagens filosóficas” por terras da então colônia.

Vandelli foi um dos conselheiros da Corte Portuguesa que sugeriram o embarque da Família Real - ameaçada pela invasão napoleônica - para o Rio, em 1808. Responsável pelos primeiros jardins botânicos de Portugal, ele teria inspirado d. João, então príncipe regente, a criar o do Rio, que hoje tem mais de 8 mil espécies da flora e seis jardins temáticos.

“Por que d. João, no ano em que chegou, pensou em ter um jardim?”, pergunta a curadora da exposição, Anna Paula Martins. “A natureza brasileira era um tesouro na Europa. Assim como levaram múmias do Egito para o Museu do Louvre, os franceses pegaram (de Portugal) araras empalhadas, plantas de herbário. Isso era visto como uma conquista”, diz.

O projeto foi concebido em 1999, quando Anna tinha uma loja de livros usados e editora, a Dantes. Na ocasião, recebeu um manuscrito de um professor com teses sobre Vandelli. “Não sabia quem era. Fiquei curiosa e vi um mundo interessante sobre o Brasil, que a gente não tinha conhecimento”, fala. “Normalmente, vemos o País pelo olhar estrangeiro, porque os acervos são mais bem cuidados. Vandelli nunca veio ao Brasil, conheceu o País pelas remessas, relatos, achei incrível.”

Professor de José Bonifácio, Vandelli enviou discípulos na Universidade de Coimbra em expedições para descrever a natureza do território. Mas o tesouro se dispersou. “Com a invasão napoleônica, parte da coleção foi roubada pela França”, conta Anna. Para ela, isso explica por que Vandelli sumiu. Ele foi acusado de traição por supostamente ter entregue obras aos franceses. Exilado, viveu nos Açores até voltar a Portugal, pouco antes de morrer. “A idéia é remontar o contexto da época e mostrar esse personagem que faz um elo entre natureza e ciência no Brasil, e depois sumiu da história.” A curadora visitou os jardins portugueses. “Lá, é o mundo dentro da estufa. E o universo que lá está dentro, aqui está fora. A exuberância daqui é impressionante.”

EXPOSIÇÃO

Além de ver a exposição, os visitantes poderão percorrer aléias que levam nomes de discípulos de Vandelli. “A gente não tem noção do que essas pessoas fizeram. Temos no imaginário o que o francês Jean-Baptiste Debret desenhou sobre o Brasil”, fala Anna. “Aqui, qualquer desenho maravilhoso de borboleta perde para a borboleta voando. Talvez a gente consiga repensar nossa visão sobre o período. A exposição O Gabinete de Curiosidades de Domenico Vandelli tem esse valor. O Jardim Botânico é um museu vivo.”

O sentido do gabinete de curiosidades é reunir produções que se encontravam dispersas sobre a natureza brasileira. A mostra terá trilha sonora criada por dois compositores que gravaram sons da noite no jardim. Uma das paredes do novo museu - obra de R$ 4,3 milhões, que incluiu a restauração do prédio histórico - será “pintada” com plantas vivas, trabalho do artista Luiz Zerbini. Serão expostas ilustrações de naturalistas e o dragoeiro, planta das Canárias, Madeira e Açores, tema de estudos de Vandelli. Haverá ainda espaço dedicado ao JBRJ. “Vandelli era um homem de ciência, que teve uma visão extraordinária para a época. Vai inaugurar o primeiro Museu do Meio Ambiente da América Latina”, diz Liszt Vieira, presidente do JBRJ.

O naturalista teve descendência brasileira - seu filho, Alexandre, casou-se com uma filha de José Bonifácio e foi professor de d. Pedro II. Parentes que vivem no País e em Portugal foram convidados para a inauguração. O trabalho de Anna teve patrocínio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep)

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O Estado de São Paulo

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