globo.com - 13.08.08

cola do interior de SP pode concorrer a prêmio do MIT
Professor do Instituto de Tecnologia de Massachussets vem conhecer ensino.
Escola de São José dos Campos concorreria ao ‘Oscar’ dos inventores.
Carolina Iskandarian

Do G1, em São Paulo

Desde pequeno, Daniel Belchior, de 17 anos, sabia que queria ser engenheiro. Nesta terça-feira (12), ele realiza parte do sonho, formando-se no curso de pré-engenharia oferecido pela sua escola, em São José dos Campos, a 97 km de São Paulo. As aulas, gratuitas, são destinadas aos jovens do último ano do ensino fundamental para ajudá-los a escolher a futura profissão. No dia da formatura, outro presente: um professor do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, visita a instituição para talvez indicá-la a um prêmio.

O colégio Engenheiro Juarez Wanderley, criado pelo Instituto Embraer, pode concorrer pela primeira vez ao Lemelson-MIT Prize, considerado o Oscar dos inventores, se for do agrado do MIT. No curso de pré-engenharia, os alunos aprendem conceitos básicos de física e química que são vistos nos primeiros meses dessa carreira na universidade. Para Belchior, que vai prestar o vestibular para engenharia química no fim do ano, ele sai da escola em vantagem.

“O curso me ajudou. Muitos alunos que entram na universidade sentem dificuldades nos seis primeiros meses, principalmente na parte prática”, disse Belchior, que teve aulas em laboratório. As preferidas foram as de manipulação com cristais. “Quero trabalhar na área de combustíveis”. Tanto que o projeto de fim de curso foi o desenvolvimento de uma bicicleta que gera energia elétrica quando em movimento.



Difícil escolha
Inaugurado em 2002, O colégio Engenheiro Juarez Wanderley é destinado a jovens egressos da rede pública de ensino de São José dos Campos, que fazem uma seleção para o ensino fundamental. A turma de 60 pessoas que se forma nesta terça é a primeira do curso de pré-engenharia. A instituição oferece também aulas de pré-humanas e pré-biológicas, dentro do projeto pré-universidade. Apenas no último ano é que o aluno escolhe entre as três áreas. Nos outros, a grade de ensino é a mesma de outras instituições de educação.

“A idéia era criar um curso paralelo onde o aluno se sentisse mais próximo da profissão. A tendência é quebrar o ‘gap’ (lacuna, em inglês) do aluno que vem do ensino público e não consegue entrar em uma universidade pública”, explicou Mariza Scalabrin, gerente do Instituto Embraer, o braço social da Empresa Brasileira de Aeronáutica.

Apesar de apostar no sucesso do projeto, ela admite ser “ruim” o dilema do adolescente de 16 ou 17 anos que já tem de decidir uma carreira. Por causa das escolhas erradas, Mariza calcula em 40% o percentual de estudantes que abandonam os cursos no primeiro ano. E incentiva as mudanças ainda na escola. “A gente acha produtivo sair da (área) humanas para ir para a biológica ou para a engenharia”.



Secador de frutas
Reginaldo Marinho da Silva Júnior, de 17 anos, não largou o curso de pré-engenharia, mas ainda tem dúvidas. “Não estou certo se faço engenharia química ou civil, mas o curso me ajudou a ver o que não quero”. Em um futuro bem próximo, ele quer um estágio, sem antes mesmo ter entrado na universidade. “Acho que estou um passo à frente dos que vão entrar (na faculdade) sem base”.

Júnior disse gostar da área de exatas, aliada ao meio ambiente. Por isso, no fim do curso, criou com sua equipe um secador de frutas. “É para fazer banana-passa ou uva- passa”, explicou. Ele admite que o projeto já existia, mas passou por uma “otimização”.

“O secador só funcionava de dia porque usava energia solar. Agora, vamos usar a energia fotovoltaica (energia solar armazenada e usada à noite)”. A desenvoltura nas palavras dá uma trégua quando ele é questionado se está preparado a mostrar o invento ao professor do MIT em inglês. “Estou muito nervoso”, contou, rindo.

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL719905-5605,00-ESCOLA+DO+INTERIOR+DE+SP+PODE+CONCORRER+A+PREMIO+DO+MIT.html

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