Brinquedos de sucata para interação pai e filho |
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Folha de S.Paulo - 15.08.08 |
Educador defende brinquedos de sucata para interação pai e filho
AMARÍLIS LAGE
da Folha de S.Paulo
Às vésperas de completar 102 anos, o educador japonês Saburo Shochi é especialista em infância e brincadeiras. E, aos poucos, também vem se especializando em viagens --há quatro anos, começou uma série de voltas ao mundo para divulgar seu método de ensino para crianças pequenas: uma proposta de interação entre pais e filhos por meio da construção de brinquedos artesanais com sucata.
Nesta semana, ele chegou ao Brasil para quatro palestras.
Além de se dedicar às palestras, ele coordena a Shiinomi, escola voltada para crianças com necessidades especiais.
Shochi, que teve dois filhos com paralisia cerebral, criou a instituição em 1954 --foi a primeira desse tipo no Japão. Leia trechos da entrevista concedida à Folha por e-mail.
Folha - Países orientais e ocidentais têm uma visão diferente da educação infantil?
Shochi - Na educação ocidental, o individualismo é estimulado desde cedo, buscando revelar os alunos mais brilhantes. Na oriental, a escola é uma espécie de extensão da família, onde as crianças aprendem sobre o sentido de viver.
Folha - Como funciona o seu programa de brinquedos artesanais?
Shochi - Utilizando tesoura, cola, tubos, caixas, cartolina e canetas, podemos criar brinquedos e despertar na criança o prazer da criatividade. O auxílio dos pais é necessário para a execução dos brinquedos, e isso ensina às crianças o respeito aos pais, que, por sua vez, sentem-se realizados. Usando sucata, as crianças aprendem a valorizar os recursos que têm. Faz-se um brinquedo por mês. Se ele quebra, é consertado. Se a criança se cansa dele, pode-se mudar sua cor, seu formato... A transmissão da noção de progresso e da possibilidade de melhorias é muito importante.
Folha - Como foi criar a Shiinomi?
Shochi - Naquele tempo, crianças portadoras de necessidades especiais eram tidas como menos inteligentes e proibidas de freqüentar a escola para não atrapalhar as outras. Construí uma escola onde essas crianças pudessem receber uma educação adequada. O principal obstáculo foi a ausência de experiência.
Folha - Qual era a sua meta?
Shochi - O principal problema a ser enfrentado com as crianças portadoras de necessidades especiais é o complexo de inferioridade. Se não tratado, isso tende a se aprofundar e, aos dez ou 15 anos, a criança corre o risco de se tornar uma pessoa socialmente inadaptável. Trabalhando com pequenos grupos, inibe-se o sentimento de inferioridade. A criação do próprio material permite um ensino personalizado e, em vez de numa sala de aula convencional, as atividades têm melhores resultados se forem conduzidas ao ar livre.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u433504.shtml
Folha de S.Paulo
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