Nobel de Química- proteína que faz a água-brilhar |
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O Estado de São Paulo 08-10-08 |
Descoberta e estudos posteriores permitiram usar a fluorescência para ver proteínas e células em organismos
Carlos Orsi, do estadao.com.br
Capa da revsita Science de 1994, com imagem do primeiro organismo modificado para brilhar sob luz UV
SÃO PAULO - Três cientistas - dois americanos e um japonês, mas todos atuando nos Estados Unidos - dividem o prêmio Nobel de Química deste ano, pela descoberta e pelas aplicações científicas da proteína GFP, ou proteína verde fluorescente, identificada originalmente na água-viva Aequorea victoria, em 1962.
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Atualmente, a GFP é largamente usada como um marcador biológico: associada, por meio de manipulação de DNA, a outras proteínas, ela pode fazer brilhar as partes de um organismo onde a molécula marcada se encontra, o que permite rastrear, por exemplo, o desenvolvimento de um câncer.
Os ganhadores deste ano são o japonês Osamu Shimomura, nascido em 1928, que foi o primeiro a isolar a GFP; Martin Chalfie, nascido em 1947, por demonstrar o valor da GFP como um marcador biológico, ao criar os primeiros organismos geneticamente modificados fluorescentes; e Roger Tsien, de 1952, que ajudou a entender como o GFP fluoresce e estendeu a paleta de cores disponíveis para além do verde.
Em um experimento recente, divulgado no ano passado, cientistas da Universidade Harvard conseguiram colorir aos neurônios de um camundongo com diferentes cores.
Neurônios de camundongo coloridos com proteínas fluorescentes, permitindo aos cientistas ver como as células se emaranham no tecido cerebral. Trabalho publicado em 2007 na Nature. Foto: Divulgação
Tsien falou em teleconferência com a Fundação Nobel, em Estocolmo, e disse que tinha ouvido rumores de que poderia ganhar o prêmio, "mas que não eram de fontes muito confiáveis". O cientista parecia um pouco desorientado na entrevista, e disse que havia sido acordado pelo telefonema com a notícia. "São 3 da manhã aqui na Califórnia", explicou.
O pesquisador afirmou que o trabalho com fluorescência "é o trabalho de muita gente, mas suponho que nós três tenhamos feito uma boa parte".
"Continuaremos a desenvolver novas formas de olhar para dentro de células e organismos, não só com GFP mas com métodos que tenham utilidade clínica mais direta, porque o GFP requer uma intervenção no DNA, o que limita sua utilidade", disse ele.
Tsien, Chalfie e Shimomura dividirão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas, ou cerca de R$ 3 milhões.
http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid255973,0.htm
O Estado de São Paulo
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