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E a loba nunca foi etrusca


O Estado de São Paulo - 13.11.08

...E a loba nunca foi etrusca

O carbono-14 prova que a famosa estátua da amamentadora de Rômulo e Remo foi feita por volta de 1.300 d.C, portanto, 1.800 anos depois do que até agora se acreditava

O Estado de S.Paulo

- Por muito tempo os italianos atribuíram aos etruscos a autoria da estátua de bronze que reproduz em tamanho natural uma loba amamentando os lendários gêmeos Rômulo e Remo - e a transformaram em emblema da cidade de Roma. Estavam enganados. Até 500 anos a. C., os etruscos formaram a poderosa nação Etrúria, Tuscia ou Tirrênia. Seu território abrangia toda a atual região da Toscana e parte da vizinha Úmbria. Foram sucessivamente combatidos, derrotados e varridos do mapa pelos antigos romanos. Mas os vencedores assimilaram seu rico patrimônio cultural. Os etruscos tinham escultores e pintores geniais, que produziram obras-primas ainda existentes. Trabalharam com perfeição os metais, dando-lhes as formas de animais ou pessoas, capacetes, elmos, vasilhas, colares, braceletes, etc. Pintaram afrescos e esculpiram túmulos de terracota. Entretanto, os etruscos nada têm a ver com a estátua da Lupa (loba, em italiano) Capitolina, assim batizada por integrar o acervo dos Museus Capitolinos, em Roma. Os italianos já sabiam que as figuras de Rômulo e Remo eram da Renascença. Mas seguiam acreditando na origem etrusca da loba e a afirmavam esculpida no século 6º a.C.

Testes com o carbono-14, método capaz de estabelecer a idade radiométrica de objetos ou materiais arqueológicos, na Universidade de Salerno revelaram que ela foi feita por volta de 1.300 d.C. Portanto, é 1.800 anos mais nova do que se afirmava. A notícia saiu no jornal romano La Repubblica do dia 28 de agosto, causando alvoroço na Itália. Baseou-se em artigo de Adriano La Regina, renomado especialista em arte clássica. Em outubro, um relato definitivo publicado pela revista especializada Archeo, também de Roma, eliminou as dúvidas remanescentes. A suspeita do equívoco foi levantada dois anos atrás pela restauradora italiana Anna Maria Carruba, no livro La Lupa Capitolina - un Bronzo Medievale (De Luca Editori d''Arte, Roma, 2007). Usando uma microcâmera, ela fotografou o interior da loba e constatou ter sido fundida a partir de um único molde. Os etruscos desconheciam essa técnica. "No seu tempo, os bronzes de grande e média dimensões eram feitos em peças separadas, soldadas posteriormente", assinalou a restauradora.

Diz a lenda que Rômulo e Remo eram filhos de Marte, deus da guerra, e da vestal Rea Silvia, uma sacerdotisa que, pela condição religiosa, devia se manter virgem, sob pena de castigo mortal. Sem condições de criá-los, a mãe colocou os recém-nascidos em uma cesta e a jogou no Tibre, rio que atravessa Roma. Entretanto, em vez de levá-los para o mar, a correnteza os conduziu até uma margem seca. Ali uma loba enviada por Marte salvou os gêmeos, amamentando-os junto com suas crias. Anos depois, Rômulo matou Remo na disputa pelo trono da cidade fundada diante do local onde a cesta ancorou e se tornou o primeiro rei de Roma. Enquanto foi considerada do século 6º a.C., a Lupa Capitolina funcionou como um símbolo incomparável: o traço visível da união cultural entre etruscos e antigos romanos. Por isso, o resultado do teste do carbono-14 decepcionou os italianos. Guardadas as devidas proporções, eles talvez sentissem o mesmo se uma pesquisa concluísse que o Coliseu, outro ícone de sua capital, não foi construído na Antiguidade Clássica, porém na Renascença.

Os romanos do passado admiravam os etruscos, dos quais receberam influências artísticas, religiosas, políticas, sociais e gastronômicas. Descreviam-nos como amantes do luxo e da ostentação. Observando as cenas dos banquetes eternizadas nos afrescos e relevos dos túmulos, qualificavam-nos de "escravos do ventre" (gastriduloi). O poeta veronês Catulo (84 a.C.- 54 a.C.) chamou-os de gordos (etruscus obesus), embora naquela época também se associasse a obesidade à boa saúde e prosperidade material. O banquete tinha para os etruscos duplo significado. O primeiro era religi

http://www.estadao.com.br/busca/JSearch/UNP!uNP.action?o=3

O Estado de São Paulo

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