Expedição brasileira retorna da Antártida |
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Folha de São Paulo - 08.01.09 |
Expedição brasileira retorna da Antártida
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MARCELO LEITE
enviado especial da Folha de S.Paulo à Antártida
Foram quase quatro dias de tempo fechado. Vento e tempestades de neve --raras para uma latitude tão alta-- impediam as atividades da Expedição Deserto de Cristal. Já a segunda-feira começou com sol nos montes Patriot, a pouco mais de 1.000 km do polo Sul. Na passagem de segunda para terça, o vento começou a soprar forte, mas amainou à tarde.
Todos no acampamento da primeira expedição científica brasileira ao interior da Antártida entenderam o sinal: a partida estava mais próxima.
Durante missão pioneira, pesquisadores brasileiros recolheram cilindros de gelo --testemunhos do passado geológico do local
A previsão é que os dois jornalistas --os enviados da Folha-- embarquem na tarde de hoje para o Chile; os oito pesquisadores, amanhã ou depois.
Duas dúzias de funcionários da ALE (Antarctic Logistics and Expeditions) em Patriot entraram em atividade frenética. O trator com pneus acorrentados começou de imediato a livrar a pista de 3.000 m de gelo azul da neve acumulada nos dias anteriores. O rádio transmitia mensagens a toda hora. Algumas delas falavam em "hóspedes bravos".
Para os pesquisadores da expedição brasileira, o trabalho de campo já estava encerrado. Afinal, a partida para o Chile estava prevista de início para a noite de domingo. Na segunda-feira, Ulisses Bremer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ainda encontrou disposição para coletar mais algumas amostras geológicas nas montanhas vizinhas.
O grosso do material coletado, naquela altura, já estava embalado e etiquetado para análise e estudo. No centro das atenções estavam os 140 m de cilindros de gelo escavados nas vizinhanças do monte Johns, a uma hora de voo de Patriot. Sua análise, na Universidade do Maine (EUA), consumirá pelo menos dois anos.
Acondicionada em 16 caixas de isopor, a meia tonelada de colunas de gelo desembarca em Punta Arenas e vai direto para uma câmara frigorífica da LAN Chile no próprio aeroporto. Daí segue nos primeiros voos disponíveis para os EUA.
Quando estiver instalado o laboratório do recém-criado Centro Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, no Rio Grande do Sul, a maior parte da análise físico-química dos testemunhos de gelo passará a ser feita no Brasil. A ideia é extrair deles informações que permitam entender o clima da Antártida no passado e sua influência sobre a América do Sul.
Com a partida de Patriot, encerra-se o trabalho de campo da pioneira Expedição Deserto de Cristal. Com ela, a pesquisa brasileira deixa a periferia antártica e penetra no continente.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u487587.shtml
Folha Online
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