> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa noite
Quarta-Feira , 15 de Maio de 2024
>> Notícias
   
 
Luta por direitos iguais fez a diferença


estadao.com.br - 20.01.09

Luta por direitos iguais fez a diferença

Nos EUA, negros conseguiram ascender lutando contra a discriminação oficial; no Brasil, o racismo é dissimulado

Carlos Marchi

Muita gente se pergunta quando o Brasil terá um presidente negro. Essa pergunta bem poderia ser respondida com outra: quando os EUA elegerão um presidente operário? Dois grandes modelos de sociedades que importaram negros da África para servir como força de trabalho escrava, EUA e Brasil integraram os negros às suas sociedades de forma diversa. No Brasil, brancos e negros foram declarados iguais após a abolição da escravatura, mas até hoje as desigualdades marcam diferenças abissais. Nos EUA, os negros ascenderam, a despeito da segregação oficial, mas as barreiras ideológicas inviabilizam até hoje a chegada de um líder operário ao poder.

Estudiosos da questão racial concordam num ponto: a miscigenação da experiência brasileira manteve os negros num patamar inferior, limitou seu acesso à educação, criou um racismo não-explícito e poucos canais para a ascensão profissional e pessoal para lideranças negras. Nos EUA, a segregação oficial e declarada produziu escolas, igrejas, postos de trabalho para negros e criou um canal de ascensão que não penetrava no mundo branco, mas formou uma classe média e uma elite empresarial negras.

Uma diferença marcante entre as duas culturas é o chamado sistema classificatório. Nos EUA, não há mestiçagem: quem tem uma gota de sangue negro ("one drop rule") é negro. É o caso do presidente Barack Obama, mesmo sendo filho de uma mãe americana branca como o leite. "Aqui, a mestiçagem funcionou desde a escravidão como forma de cooptação para o lado do branco colonizador", observa a psicóloga Edna Roland, da secretaria da Mulher e da Igualdade de Direitos da Prefeitura de Guarulhos e ex-consultora da Unesco.

"Nos EUA, só se acabou com a escravidão com uma guerra civil que deixou marcas profundas. No Brasil, bastou uma penada", diz o historiador Manolo Florentino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após a abolição da escravatura no EUA, lembra, a segregação passou a ser oficial: os casamentos inter-raciais eram proibidos e os negros - isto é, os não-brancos - não podiam entrar em lugares para brancos. "Equal, but separated" ("Iguais, mas separados"), deliberou, em 1896, a Suprema Corte.

"No Brasil, tivemos um processo bem mais sofisticado e desenvolvemos um racismo não- explícito", denuncia Edna. O sociólogo Antonio Sérgio Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o Brasil integrou como brancos um expressivo contingente de mestiços: "Negro, no Brasil, é aquele que não pôde se fazer passar por branco", adverte. Já o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, delimita a questão: "O grande dilema do Brasil é a falta de oportunidades iguais."

O historiador Joel Rufino dos Santos, ex-professor da UFRJ, afirma que três fatores ajudaram na luta pelos direitos civis nos EUA: o bom acesso à educação, a aglutinação em torno da igreja protestante negra e a própria segregação. "É paradoxal, mas a existência de todo um aparato para os negros acabou ajudando a formar negros como gerentes e executivos de porte médio, o que foi importante na formação da classe média negra", diz.

O acesso à educação deu aos negros americanos uma condição cultural bem superior à dos brasileiros. E, por fim, a convivência nas igrejas, em torno delas, e nas comunidades, plantou a semente da luta pelos direitos civis, em cuja liderança estiveram pastores como Martin Luther King. No Brasil, os negros nunca foram segregados nas igrejas, mas a existência de padres negros sempre foi muito esporádica. A formação de líderes políticos negros se afirmou como tradicional nos EUA desde o final do século 19. "Nunca formamos líderes negros", lamenta Joel.

Por isso, é mais fácil ao negro ascender socialmente nos EUA que no Brasil, afiança o cientista político Jorge da Silva, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A segregação oprimia os negros, mas lhes criava um universo p

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090120/not_imp309814,0.php

estadao.com.br

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader