Jornal da Tarde - 06.04.09

Casa de taipa vai virar museu

Secretarias de Cultura e do Verde se uniram para reconstruir construção de imigrantes alemães

LAIS CATTASSINI, lais.cattassini@grupoestado;com.br

Construída no final do século 19, uma casa de taipa de pilão, agora em ruínas, será objeto de estudo arqueológico da Secretaria Municipal de Cultura em parceria com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. O espaço é conhecido como Casa do Periquito e estava de pé até 1980.

A invasão das plantas e a ação das chuvas destruiu a estrutura. Somente em 2003 a Secretaria do Verde, que se preparava para criar a Área de Proteção Ambiental (APA) Bororé-Colônia, tomou conhecimento do lugar e deu início à preservação do espaço.

Em 2004, a Casa do Periquito foi tombada e se tornou patrimônio histórico da cidade. Árvores que ameaçavam destruir ainda mais a estrutura foram retiradas do entorno da edificação e uma tenda para proteger as paredes, feitas principalmente de barro, foi colocada no local. Para impedir que as ruínas se deteriorem ainda mais, a Secretaria do Verde procurou a de Cultura para realizar um estudo arqueológico e transformar a casa em um espaço, possivelmente um museu da imigração alemã.

São Paulo tem 11 casas de taipa de pilão. “São achados importantes, pois são cada vez mais raros”, diz a arqueóloga Lúcia Juliani. Segundo ela, acreditava-se que todas as casas do tipo haviam sido encontradas na década de 1950.

A parceria entre as secretarias dá início à pesquisa e escavação arqueológica. Terminado o estudo, que segundo Lúcia deve durar um mês, começa o processo de restauro. Caberá ao arquiteto contratado determinar se toda a área será reconstruída ou se as ruínas ficarão expostas. “Sabendo como a casa era antigamente, podemos reconstruir o que ruiu sem danificar o patrimônio”, conta.

Resgatando a história

A região em que se encontra a Casa do Periquito, em Parelheiros, extremo sul de São Paulo, é rural. Os habitantes, a maioria descendentes de alemães, se sustentam com a exploração da terra e lutam pela preservação do local com a proteção da APA. A criação de um museu para resgatar a história da imigração alemão é, portanto, a ideia mais aceita pelos membros do conselho da associação.

“A colônia alemã aqui é a mais antiga do Brasil. O restauro da casa e a recuperação dessa história também será feito com a educação das crianças e dos moradores da região”, conta o gestor da APA, Luiz Sertório Teixeira. “Como é uma zona rural, os moradores se sentem excluídos. É importante o envolvimento do público para a educação patrimonial e o cuidado com a estrutura”, diz Lúcia.

O QUE É

A técnica de taipa de pilão técnica, que consiste em prensar barro e cacos de telhas entre
placas de madeira, é de origem portuguesa e costumava ser utilizada em residências rurais

Mais resistente do que construções de tijolo, as propriedades eram de arquitetura simples, com plantas quadradas. Os locais mais comum eram próximos aos rios. Há só 11 casas de pilão no Estado

As paredes costumam ser muito largas, com de 1 metro

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