Comércio desfigura imóvel da Igreja |
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Jornal da Tarde - 23.04.09 |
Comércio desfigura imóvel da Igreja na Rua das Noivas
Prédio do primeiro seminário da capital, inaugurado em 1856, já apresenta parte do seu interior descaracterizada. Igreja tem até o dia 11 para apresentar projeto à Prefeitura
Vitor Sorano, vitor.sorano@grupoestado.com.br
Usado como fonte de renda da Mitra Arquidiocesana de São Paulo, o que restou do prédio do Seminário Episcopal do bairro da Luz, no centro, está descaracterizado. Alguns comerciantes pagam hoje cerca de R$ 3 mil pelo aluguel de suas lojas de vestidos de noiva - locações de parte do conjunto ocorrem desde pelo menos 1920. A Prefeitura pediu à Igreja a demolição das obras irregulares e a apresentação de projeto de revitalização para o imóvel de 153 anos.
Desde 1992, quando foi aberto o processo de tombamento do imóvel, qualquer obra precisa ser autorizada pelo Conpresp - órgão municipal de patrimônio histórico. Para o órgão estadual de patrimônio, o Condephaat, a proteção teve início dez antes, em 1982, quando foi tombada a Igreja de São Cristóvão, que fica no mesmo prédio.
Após visita de arquitetos realizada no ano passado, o Conpresp relatou haver “intervenções descaracterizadoras” na fachada principal e “ocupação irregular” do pátio central: anexos construídos para ampliar lojas. A visita ocorreu após a Mitra pedir autorização para fazer reformas para melhorar a segurança.
O imóvel hoje mistura paredes de taipa de pilão - técnica originária de Portugal que usa prensagem de barro entre madeira - com de blocos de cimento e de tijolos baianos. O exterior expõe pinturas de cores variadas e porcelanato. Nos fundos há oficina de restauro de cadeiras de aço usadas pelos comerciantes.
Os atuais locatários vendem vestidos de noiva e de festa. Treze lojas abertas nas fachadas ao longo da Avenida Tiradentes, esquina com a Rua São Caetano, expõem as peças. O interior abriga as oficinas de confecção dos vestidos, lavanderias, provadores de roupa e escritórios.
Um grupo de comerciantes, que alega não ser responsável pelo que a Prefeitura julga irregular, teme ter de arcar com todo o prejuízo de perder espaço para trabalhar e “empregar”, para que a memória paulistana seja beneficiada. Afirma, porém, ser favorável a um restauro que possa ser feito sem ter de fechar as lojas.
A Arquidiocese tem até o dia 11 de maio para atender às solicitações da Prefeitura. Caso isso não ocorra, segundo a Secretaria Municipal de Cultura, podem ser adotadas “medidas cabíveis”, dentre as quais multa. Ressaltou, porém, que a comunicação é uma parte “burocrática” do processo, que a Mitra pode pedir prorrogação do prazo e que o assunto ainda não foi analisado pelo Conpresp.
Pioneiro
Sede do primeiro seminário da capital, construído por exigência de leis canônicas,a construção começou em 1853. A inauguração foi em 1856. As obras foram feitas com dinheiro da Corte e de “esmolas de fiéis”, segundo a tese de doutorado em ciências da religião de Patrícia Carla de Melo Martins. O loteamento de partes do conjunto teve início em 1915. A desativação ocorreu em 1927.
Em contrato de arrendamento firmado em 27 de julho de 1922, o seminário, representado por um procurador da Mitra, alugou para um homem a “casa de negócios” e “moradia” na Rua São Caetano, 32, por três anos. O endereço abriga hoje uma das lojas de noivas.
A Secretaria de Cultura diz solicitar, de imediato, a remoção das extensões que ocupam o pátio central e a apresentação do projeto de restauro. Para a pasta, os anexos foram construídos após 1992 - por isso, são irregulares. Dois comerciantes dizem que a construção é muito anterior, mas não souberam precisar a data.
HISTÓRIA
As obras do seminário episcopal começaram em 1853 e terminaram três anos depois.
Em texto do cardeal Carlos Camelo de Vasconcelos Motta, de 1956, centenário do seminário, ele explica que “até 1856 não se concretizara na Diocese a legislação do Concílio Tridentino, que mandava organizar seminários”.
Texto do Monsenhor Castro Ney, da mesma data, fala de sua arquitetura: “Externamente poderia ser uma casern
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