Jornal da Tarde - 29.04.09

Bilhete escapa aos nazistas

Anotação achada dentro de garrafa, em parede de campo de concentração, com nomes de presos


Operários que trabalhavam perto do local onde funcionou o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, fizeram uma descoberta surpreendente: encontraram uma garrafa contendo um bilhete deixado por prisioneiros dos nazistas há quase 65 anos.

O campo de concentração de Auschwitz foi liberado há 64 anos, das tropas de Adolf Hitler, por tropas soviéticas que avançavam em direção à Alemanha, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O local ganhou triste fama pelo extermínio de mais de um milhão de pessoas, na maioria judeus, em câmaras de gás.

Garrafa escondida

A garrafa estava escondida em uma parede de concreto, no porão de uma escola abandonada que, na época da Segunda Guerra, fazia parte do campo de concentração e era usada como armazém pelos militares nazistas.

Acredita-se que os militares do Terceiro Reich tenham obrigado os prisioneiros a reforçar as paredes para também usar o local como abrigo antiaéreo.

Segundo um representante do Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, a mensagem foi escrita a lápis, em 9 de setembro de 1944. Nela, estão os nomes, as cidades-natais e os números de 8 prisioneiros (sete poloneses e um francês). “Todos eles têm idades entre 18 e 20 anos”, diz a frase escrita no final do bilhete descoberto.

“Os trabalhadores demoliram um muro do porão da escola quando encontraram uma garrafa. Acreditamos que os prisioneiros arrancaram um pedaço de um saco de cimento para utilizar como papel e escrever a mensagem”, disseram integrantes da direção do museu de Auschwitz.

Segundo eles, os autores do bilhete eram jovens que estavam “tentando deixar algum rastro de sua existência”.

Sobreviventes

A direção do museu informou ainda que, pelo menos dois deles sobreviveram à sua passagem pelo campo. Um deles, Albert Veissid, reconheceu seu nome.

Pesquisadores já se dispuseram a buscar outros ex-prisioneiros relacionados no bilhete que ainda possam estar vivos.

A garrafa e sua mensagem serão expostas no centro de visitação, como parte do legado do campo de concentração. Em Auschwitz morreram pelo menos 1,1 milhão de judeus, entre outros milhares de cidadãos de vários países.

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