Prédio da Academia de Letras é tombado |
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O Estado de São Paulo - 08.05.09 |
Prédio da Academia de Letras é tombado
Secretaria de Cultura também vai liberar verba para reformar espaço
Vitor Hugo Brandalise
Num mesmo mês, duas boas notícias para as letras do Estado - mais especificamente, para a Academia Paulista de Letras (APL), instituição que completa seu centenário de fundação em novembro. Na segunda-feira, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephaat) aprovou o tombamento da sede da APL, no Largo do Arouche, com projeto do arquiteto francês Jacques Pilon. Para completar, a Secretaria Estadual da Cultura confirmou a assinatura, até o fim do mês, de um convênio com a Academia, que prevê liberação de cerca de R$ 3 milhões para recuperar parte da estrutura do prédio histórico - com prioridade para seu auditório, cujo forro do teto ruiu, por problemas de infiltração, em janeiro de 2007.
O convênio, segundo o chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Cultura, Sergio Tiezzi, está em fase final de elaboração. "Os recursos já estão reservados para a APL. O convênio passa por uma última análise da assessoria jurídica da Secretaria e até o fim de maio teremos tudo acertado", disse Tiezzi.
Com os recursos do convênio, a APL vai restaurar o auditório - com criação de espaço de exposições interativo no piso superior do ambiente, separado por vidros -, adequar o subsolo do prédio e finalizar os projetos executivos para o restauro do restante do edifício. "É dever do Estado auxiliar instituições com notória importância cultural, como a APL, e que passa por dificuldades."
A Academia espera inaugurar os espaços, restaurados com recursos do Estado, até 27 de novembro, data em que completa 100 anos de fundação. "Essas novidades representam o início de uma nova fase para a Academia. Precisamos restaurar a sede, para poder abrir as portas para a comunidade, por meio de convênios com escolas e associações culturais. A ideia é mostrar todo o acervo raro que guardamos aqui", afirmou o atual presidente da APL, o juiz Renato Nalini.
O tombamento da sede da Academia, segundo Nalini, ajudará a instituição a conseguir apoio para o restauro do prédio inteiro - cujo projeto foi aprovado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet. "Não conseguíamos arranjar parceiros porque o prédio não era tombado. Nesse caso, a lei prevê, em seu artigo 26, retorno em isenção fiscal de apenas 30% do valor investido. Com o tombamento, o projeto se encaixa no artigo 18, que prevê abatimento de 100% do valor patrocinado", explica Nalini. O restauro da fachada e a readequação do espaço interno, segunda fase da revitalização, deve demorar cerca de um ano, por cerca de R$ 2,5 milhões - entretanto, ainda não há patrocínio acertado.
Com o tombamento aprovado pelo Condephaat, a fachada do prédio e a estrutura interna do térreo e dos três primeiros pavimentos, ocupados pela APL, ficam protegidos e qualquer intervenção deve ser aprovada pelo conselho. O conselheiro relator do processo, o historiador Francisco Alambert Junior ainda solicitou que o acervo da Academia também seja tombado. Nos corredores da APL, há obras de arte - com tapeçarias, pinturas, bustos em bronze e mármore datados do século 18 -, mobiliário com mais de duzentos anos, que segue sem modificações desde a década de 1950, além da biblioteca da Academia, que reúne 80 mil volumes, entre edições raras datadas a partir do século 17.
O prédio foi construído entre 1948 e 1954, com projeto de Pilon - que também projetou a Biblioteca Mário de Andrade, entre cerca de 60 edifícios no centro da cidade -, num estilo que mesclava "o neoclássico e as linhas retas do modernismo, marca registrada de Pilon", segundo escreveram arquitetos do Condephaat.
Entre os imortais - presentes na tarde de ontem na sede da APL, para uma palestra da escritora Lygia Fagundes Telles, também membro da Academia -, o tombamento é o "reconhecimento do valor de um tesouro que a cidade guarda, mas que poucos conhecem", segundo o poeta Paulo Bomfim, decano da Academia. "Ninguém sabe que existe esse espaço, com clima de um passado perdido, num lo
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