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Ensino médio: áreas ou disciplinas


Jornal da Tarde - 08.05.09

Ensino médio: áreas ou disciplinas?

Nílson José Machado

Entre as mudanças que estão sendo encaminhadas pelo Ministério da Educação para o ensino médio sobressai a proposta de organização dos conteúdos a serem ensinados em 4 grandes áreas (linguagens, matemática, ciências humanas e ciências naturais) em vez de apresentá-los subdivididos em até 12 disciplinas. À primeira vista, parece razoável, uma vez que o excesso de fragmentação disciplinar é um dos problemas mais facilmente reconhecíveis no panorama do ensino médio. Os índices dos livros didáticos ou os programas dos exames vestibulares espelham tal excesso, registrando tópicos sobre os quais, mesmo um cidadão bem formado, alguns anos após abandonar a escola, tem dificuldades em recuperar os significados correspondentes, olvidados ou escondidos em porões da memória, onde jazem os temas inertes.

O aparente acordo no diagnóstico de tal excesso de especificidade não parece conduzir a um consenso sobre a forma de combater tal excesso. O discurso sobre as competências tem ocupado um lugar de destaque em tal combate. Ele põe em relevo o fato de que, na escola básica, nenhuma disciplina é um fim em si mesmo; todas as matérias escolares constituem um meio para o desenvolvimento de competências pessoais, tais como a capacidade de expressão em diferentes linguagens, a compreensão de fenômenos diversos, entre outras. Mas os mal-entendidos sobre a noção de competência ainda persistem e, por ignorância ou má-fé, repete-se, aqui e ali, a falsa ideia de que o elogio das competências corresponde ao desprezo pelos conteúdos disciplinares.

A intenção de estruturar os trabalhos escolares em áreas do conhecimento constitui uma nova tentativa de combater o excesso de fragmentação disciplinar, que conduz à perda do significado do que se estuda, e, nesse sentido, ela aponta numa direção que nos parece correta. O elemento decisivo para que os conteúdos sejam apresentados de modo efetivamente mais integrado, é a forma de tratamento de cada tema. Nenhuma alteração substantiva ocorrerá se as áreas forem tratadas como se constituíssem uma nova disciplina; nesse caso, teríamos apenas trocado 12 por 4, ou, com o perdão do trocadilho, 6 por meia dúzia.

Sobre a forma de tratamento dos temas das aulas, nada se anuncia nos documentos que propõem a mudança. Nada é dito sobre os professores que lecionarão tais temas, e suas precárias condições de trabalho não favorecem uma dedicação suplementar na busca de subsídios de formação para enfrentar o novo cenário que se desenha. A aparência é de que, mais uma vez, circunstâncias ou calendários decididamente não-escolares podem ter eivado a racionalidade das ações propostas. E novamente um leque de ações bem intencionadas pode estar conduzindo ao nada ou, pior ainda, a uma infernal confusão.

PROFESSOR TITULAR DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP)

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Jornal da Tarde

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