Diminui procura para licenciatura e Pedagogia |
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O Estado de São Paulo - 31.05.09 |
Menos jovens buscam cursos de licenciatura e Pedagogia no País
Dados do MEC apontam queda no número de formandos; perfil dos que buscam profissão também mudou
Márcia Vieira - O Estado de S.Paulo
RIO - Cada vez menos alunos têm se interessado pela carreira de professor no Brasil, o que vem resultando em uma queda no número de formandos em cursos de licenciatura. Essa redução vai na contramão do crescente número de estudantes cursando graduação no País - hoje em cerca de 5 milhões.
Em 2007, último dado disponível no Ministério da Educação (MEC), 70.507 brasileiros se formaram em cursos de licenciatura, o que representa 4,5% menos do que no ano anterior. De 2005 a 2006, a redução foi de 9,3%. E a situação é mais complicada em áreas como Letras (queda de 10%), Geografia (menos 9%) e Química (menos 7%). Em alguns Estados, faltam professores de Física, Matemática, Química e Biologia.
A essa diminuição na procura pela profissão, soma-se o fato de 30% dos docentes não terem curso superior completo, segundo o censo do professor, divulgado na última semana (mais informações nesta página).
Apesar de o rendimento médio da categoria ser de R$ 1.335 mensais, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007, não é somente uma questão de baixos salários. "É fundamental tornar a carreira de professor mais atrativa", defende Carlos Bielschowsky, secretário de Educação a Distância do MEC. A partir de 2010, entra em vigor o piso salarial nacional da categoria.
Em todo o País, as universidades públicas e particulares assistem a uma mudança do perfil do aluno que escolhe o magistério. Os filhos da classe média se desinteressaram pela carreira e estão dando lugar aos de famílias das classes C e D.
Na Universidade Estadual do Rio, por exemplo, os candidatos a uma vaga em Pedagogia apresentaram a menor renda familiar entre todos os cursos. Dos 300 alunos aprovados em Pedagogia no vestibular do ano passado, 107 têm renda mensal de até R$ 1.200. Apenas um deles tem renda acima de R$ 12 mil. Em Direito, o quadro é exatamente o inverso. Três aprovados têm renda familiar de até R$ 1.200 e 29 vivem em família com renda acima de R$ 12 mil.
"Ninguém quer ser professor hoje em dia", resume Augusto Sampaio, vice-reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio. Sampaio fala especificamente do público alvo da instituição: jovens de classe média cujos pais podem pagar mensalidades de R$ 1.500 para seus filhos se tornarem advogados, médicos, engenheiros. Os cursos de licenciatura na PUC são deficitários. Só não fecharam porque a universidade adotou há 13 anos um sistema para acolher alunos provenientes de cursos pré-vestibulares da periferia carioca. Não é um sistema de cotas. "Eles fazem o vestibular normalmente e, se forem classificados, ganham bolsas de estudo", diz Sampaio.
A grande maioria vai para Serviço Social, Pedagogia e Licenciaturas, cursos onde sobram vagas. "A maioria dos alunos de Pedagogia tem bolsa." Não é meramente uma questão financeira. "Existe um desprestígio muito grande da profissão", diz Maria Tereza Goulart Tavares, diretora de faculdade de formação de professores.
Marcel Baran, de 19 anos, foi o contrário. Filho de comerciante e professora de educação física, ele escolheu cursar licenciatura em história, mas enfrentou resistência. Os amigos foram mais radicais. "Cara, tá maluco? Tinha tudo para se dar bem numa profissão bacana e vai ser professor?!", relata ele. "Meus amigos não entendem a minha escolha porque para eles o que importa é a realização financeira. Eu não quero isso", explica Marcel. "De todas as profissões que eu poderia escolher, a que eu dou mais valor é o magistério."
Rede pública
Os baixos salários podem afugentar as classes A e B, mas a garantia de emprego, principalmente em escolas da rede pública, atrai as classes populares. A mudança de perfil do aluno de licenciatura mexeu com a própria estrutura dos cursos. Grande parte dos candidatos a professor vem do ensino público, que no último Exame Nac
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,menos-jovens-buscam-cursos-de-licenciatura-e-pedagogia-no-pais,379932,0.htm
O Estado de São Paulo
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