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Comunicação ambiental e dogma


envolverde.com.br - 03.08.09

Comunicação ambiental e dogma

Por Ricardo Goothuzem*


Entre os objetivos da comunicação ambiental está a mudança de atitudes e de comportamentos. Considera-se que a conscientização, ou conhecimento, levará a uma decisão sobre atos que podem ser prejudiciais ao meio ambiente o que, por sua vez, conduzirá a novos hábitos. A utilização dos mecanismos de comunicação, portanto, não deve se limitar à mera transmissão de conhecimento, e sim abordar e até sugerir os meios pelos quais esses objetivos podem ser alcançados.

Este nível de abordagem costuma se confrontar com os dogmas usados de forma cotidiana na comunicação relacionada ao meio ambiente. Derivados, na minha opinião, do período em que a defesa do meio ambiente era antes uma causa do que uma necessidade, estes dogmas ainda continuam permeando a disseminação de conhecimento sobre a relação do homem com o meio ambiente.

Não há nada de errado com os dogmas. São uma forma eficiente de comunicar questões complexas e que ultrapassam nosso entendimento. Entretanto, podem levar à atitude típica do fiel que comparece ao templo para orar, sentir-se um bom devoto e, de volta à sua vida diária, comportar-se exatamente como antes, talvez de maneira não tão devotada às suas crenças.

Comportar-se em desacordo com as crenças religiosas pode ter reflexos na vida além-túmulo. Entretanto, concordar de forma entusiástica com os slogans da defesa do meio ambiente e permanecer agindo exatamente como sempre terá consequências mais imediatas e terrenas. E há outra diferença importante: ao contrário de muitos pecados, o comportamento prejudicial ao meio ambiente não possui atrativos especiais. É apenas a forma como as pessoas aprenderam a agir e para a qual não há alternativas viáveis.

Um exemplo de dogma embutido nas mensagens ambientais é o de que o uso da tecnologia vai contribuir para salvar o planeta. É a forma atual da concepção de que o homem, utilizando novas e modernas tecnologias, dominaria a natureza para levar o progresso a todos os cantos do mundo. Novas tecnologias são divulgadas diariamente e, apesar do fato de não serem utilizadas pelo custo, trazem alívio de saber que alguém está fazendo algo. Saber disso traz conforto e dispensa a ação.

Para uma comunicação ambiental efetiva, que leve a uma real modificação de atitudes e comportamentos, é preciso deixar os dogmas de lado e investir no conhecimento local sobre o ambiente em que se vive. Isso não é fácil porque a produção de conteúdo privilegia a disseminação de conteúdo generalizado em detrimento do conteúdo local, relacionado com nossa vida diária, que possa favorecer as pequenas mudanças que, se adotadas por um grande número de pessoas, farão a diferença. É uma tarefa difícil, assim como a aceitação dos atuais dogmas o foram décadas atrás, mas que deve ser encarada o quanto antes.

* Ricardo Goothuzem é Colunista de Plurale colaborando com um artigo por mês. Jornalista formado pela Uerj com atuação na área ambiental desde 2002. Assessor de imprensa da Área de Proteção Ambiental (APA) de Petrópolis durante cinco anos como parte de projetos de compensação ambiental e ex-assessor de imprensa do Instituto Estadual de Florestas (IEF/RJ). E-mail: ricgootz@yahoo.com.br



(Envolverde/Revista Plurale)

http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=61242&edt=34

Envolverde/Revista Plurale

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