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Livro: como a música clássica se tornou moderna


Folha de São Paulo - 08-09-09

Livro conta como a música clássica se tornou "moderna"

RICARDO FELTRIN
Secretário de Redação da Folha Online

Nas décadas finais do século 19, salas de concertos da Europa eram um templo imaculado do Romantismo e estrutura sinfônica. Obras de Richard Wagner (1813-1883), Franz Liszt (1881-1886) e Johannes Brahms (1833-1897), entre outros, estavam em quase todos os programas musicais. Eram considerados "mitos" que haviam levado a composição ao limite da perfeição. Também foram ao limite das modulações, que causavam êxtase na plateia --especialmente a conservadora elite europeia.

Então, conforme aquele século chega ao fim, um grupo de novos músicos, todos na faixa dos 30 ou 40 anos, e que haviam bebido na fonte da "velha guarda", começa a subverter a ordem harmônica e melódica vigente. Muitos críticos da época não consideraram aquilo como algo sério. Mesmo assim, os nomes de Gustav Mahler, Richard Strauss e Arnold Schönberg, ganharam pouco a pouco atenção das plateias e da crítica.

Curiosamente, não foram apenas os críticos que transformaram esses compositores e maestros em expoentes dessa nova música atonal, dodecafônica, explosiva e cheia de percussão. Os músicos também tiveram a sorte de cair nas graças das pessoas mais simples, a plebe, e graças ao conceito de luta de classes que já permeava a Europa.

Em suas primeiras exibições para a aristocracia, Mahler (1860-1911), Strauss (1864-1949) e Schönberg (1874-1951) têm em comum que foram vaiados impiedosamente. Foi nesse momento que o proletariado, presente às salas --nas poltronas mais baratas, claro--, decidiu rebater a claque rica, aplaudindo e ovacionando as novas e "esquisitas" obras. Mas, se os ricos eram contra, então só podia ser uma música boa.

E foi assim, com apoio literalmente popular, que a música clássica centenária escapa de todas as formas tradicionais e inicia o novo século como arte verdadeira. Essa é apenas parte do que surgiria nas décadas seguintes, e de novos experimentos (muitos até irritantes, como os de John Cage). Tudo isso é contado de forma linear e extremamente didática em "O Resto é Ruído", de Alex Ross (Companhia das Letras, 680 páginas).

Além de dissecar mais de um século música, Ross não esquece dos "velhos mestres", e mostra, por meio de trechos de correspondência e registros da imprensa da época, como toda aquela novidade sonora aturdiu gênios ainda vivos (como Rachmaninoff e Bartók). Aquele novo mundo surpreendia, mas também assustava.

Assim começou a nova era da música, na qual a percussão, atonalidade e dodecafonia se tornaram expressões artísticas puras e, no dizer de críticos influentes, "do mais elevado bom gosto". Pode até ser questionável esse adjetivo, mas jamais a importância desses pioneiros na maior reviravolta musical em mais de 500 anos.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u620875.shtml

Folha de São Paulo

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