> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Bom dia
Quinta-Feira , 25 de Abril de 2024
>> Notícias
   
 
Artigo: A queda do Muro de Berlim


Folha Online - 06.11.09

Artigo: A queda do Muro de Berlim e a busca da sua realidade

WOLFGANG BADER
especial para a Folha Online

A lembrança à Queda do Muro: estas são imagens que nos dias decisivos eram veiculadas pela mídia no mundo todo, todos os dias, afetando tanto a "grande" política como "pequenos" destinos particulares e "pequenas" cidades.

A Queda do Muro certamente pertence aos ícones globais. Quanto ao Muro em si, quase não há recordações, sendo que muitas vezes um sentimento de "irrealidade" se instala dentro de mim. Apesar da maciça presença, o Muro tinha algo de fantasmagórico. Como um fantasma ele se arrastava pelo tempo e o espaço, congelando tudo: o espaço, no qual paralisava todas as ansiedades humanas por mobilidade e mudança de lugar, e o tempo, no qual o Muro pairava como linha fronteiriça entre os grandes blocos da Guerra Fria, paralisando a história num equilíbrio do medo, impedindo qualquer deslocamento, mas obrigando a posicionamentos: independente de onde no mundo estivéssemos, pertencíamos a este ou àquele lado do Muro.

A Queda do Muro também é a busca pela realidade de destinos e experiências que indivíduos tiveram com ela.

Os meses dramáticos de setembro a dezembro de 1989 eu passei em Calcutá, na Índia, não tendo realmente acesso aos acontecimentos que mudariam não somente o rumo da história alemã, mas da história mundial. As poucas notícias que eu obtinha, eram principalmente provenientes de programas de rádio alemão que conseguia sintonizar e algumas informações veiculadas pela TV indiana.

Acima de tudo sinto falta do dinamismo dos acontecimentos diários e a emoção à pergunta que acompanha todo processo histórico dinâmico: no que isso tudo vai dar? Quem será vencedor, perdedor, quem será o vilão, quem a vítima? Quando hoje assistimos às notícias da época, percebemos o quanto nos apegamos a um certo nível de noticiário, que certeiramente casa a notícia com imagens emblemáticas e que, então, permanecem em nossa memória por anos. Na época, eu estava em Calcutá e não obtive imagens. Mas em compensação, tive uma experiência que, da perspectiva de hoje, também chega perto de um fantasma.

A história incrível que presenciei como alemão no exterior aconteceu no dia 7 de outubro de 1989, data de comemoração dos 40 anos de fundação da RDA. Em Calcutá, capital do estado de Bengala e sob regime comunista, o evento foi celebrado em grande estilo em solidariedade ao socialismo, contando com a participação de uma enorme delegação oficial da RDA. Apesar de faltar apenas um mês para a Queda do Muro de Berlim, o grupo defendia ferozmente o sistema da RDA contra a política de Gorbatchov, polemizando contra a política da Perestroika. Aqui o mundo comunista parecia estar em plena ordem e não havia por que duvidar que o regime pudesse estar correndo perigo de ter chegado ao fim.

No dia anterior a equipe de futebol da RDA havia ganhado o jogo contra a equipe nacional da Rússia, o que levou o então presidente bengalês a um discurso ardente, no qual ele defendeu a RDA contra a Perestroika de Gorbatchov, animando a RDA a fazer valer sua influência ortodoxa. O cerne do discurso era: "às vezes o aluno tem que ensinar o professor", ou seja, temos que nos orientar na RDA e não na Rússia.

Infelizmente não tenho a maioria das imagens dramáticas e emocionantes da Queda do Muro em minha mente, até porque, como já disse anteriormente, não as vi ou presenciei. Assim, quando retornei à Alemanha em fevereiro de 1990, logo fui à Berlim e me deparei com uma nova realidade: era o dia em que a casa da guarda Checkpoint Charlie estava sendo removida para ampliar as estradas entre Berlim Ocidental e Oriental através do muro.

A atmosfera estava animada e o clima era de festa para tocar o muro e atravessá-lo constantemente. O ato da abertura do muro logo se transformaria em ato de demolição do mesmo, simbolizado por uma destruição que se faz com enorme prazer. Todos se sentem vencedores e era como estar entorpecido por não somente colocar a mão na tão distante e intocável construção, mas simplesmente demoli-l

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u646974.shtml

Folha Online

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader