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Boas notas na escola não devem ser negociadas


g1.com.br - 16.12.09

Opinião: Boas notas na escola não devem ser negociadas em troca de presente

Filho achará que só deve fazer as coisas mediante recompensa.

Prêmio para o esforço todo é o próprio aprender.

Ana Cássia Maturano
Especial para o G1


O final do ano é sempre um período muito cansativo. Os adultos estão querendo terminar muitas coisas em seu trabalho para usufruírem o recesso das festas, ou mesmo as férias, com tranquilidade. As crianças estão às voltas com a finalização do ano letivo.


Para boa parte delas, esse pedaço é complicado. Há alunos que estão perseguindo décimos de notas para garantirem a promoção para a série posterior. às vezes, flautearam o ano todo e estão tendo que correr atrás do prejuízo. Nem todos são assim. Têm muitas crianças que, apesar de todo esforço despendido, não conseguiram um rendimento satisfatório. Algo que nem sempre os pais percebem, pois na concepção de alguns deles estudar é fácil e, para tirar notas, basta querer.

Com essa ideia, considera-se que se pode negociar as notas com os filhos. Muitos pais oferecem a eles, em troca de resultados escolares positivos, algo que desejam muito: uma viagem, um videogame de última geração ou qualquer coisa que a criança tenha muito interesse. Ou faz algo inverso, caso não passe de ano, não ganhará o presente de natal.


Esse tipo de promessa nem sempre dá certo. Chegado o dia do Natal, passada a raiva pelo mau desempenho dos filhos, mesmo que eles não tenham se recuperado, muitos pais não cumprem sua palavra. Essa, pouco a pouco vai perdendo força.


Caso os pequenos cumprissem a vontade dos pais pelo presente, o foco da importância do aprender estaria deslocada para o do ter: “Vou bem na escola para ter determinada coisa!”; e não para ser alguém, saber muitas coisas ou cumprir com minhas obrigações de criança e adolescente. Até porque, o prêmio para o esforço todo é o próprio aprender que, muitas vezes, é visualizado pela nota. Não é o presente nem a nota em si o que importa.

Ter no lugar do ser

Condutas assim incentivam o que vemos mais e mais na nossa sociedade – o ter no lugar do ser. Como que para se desenvolver e crescer o indivíduo necessitasse de uma recompensa material, e não o prazer que o andamento desse processo permite, como as inúmeras possibilidades que surgem em nossas vidas com o crescimento.


No entanto, os pais se enganam. Embora aprender seja fácil na perspectiva do adulto, ela não é na da criança. Ao pegarmos as lições dos nossos filhos, muitas vezes, rimos delas, principalmente quando estão no ensino fundamental. À medida em que avançam, nem tanto. Elas são fáceis porque já temos, como adultos, uma estrutura de pensamento que lida bem com aquele tipo de desafio.


Ao fazermos uma retrospectiva, vamos nos lembrar de quanto um quinto ano, por exemplo, era bastante difícil, pois pensávamos como uma criança de dez anos. E é assim que devemos olhar para nossos filhos diante de suas dificuldades: não como alguém que não quer fazer e, para resolver o problema, propomos uma recompensa tentadora, até porque isso não resolverá nada. Mas sim como alguém que naquele momento não está conseguindo, não está podendo corresponder a algo esperado, pois a escola está difícil e confusa.


É alguém que está precisando do apoio dos pais nas suas dificuldades de vida. E os pais podem e devem dar isso a eles. Já no caso daqueles que brincaram o ano todo e não estudaram, as condutas disciplinares têm que ser repensadas, com uma maior participação dos pais nelas. Talvez seja isso que eles estejam mostrando com o descaso com a escola – a necessidade de terem os pais mais próximos.


O que deve ser sempre evitado são as trocas e as promessas, que além de difíceis de serem cumpridas, ensinam os pequenos que eles só devem fazer as coisas mediante uma recompensa.


(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1409552-5604,00-OPINIAO+BOAS+NOTAS+NA+ESCOLA+NAO+DEVEM+SER+NEGOCIADAS+EM+TROCA+DE+PRESENTE.html

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