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Desigualdades fatais no império da ciência


envolverde.com.br - 21.12.09

Desigualdades fatais no império da ciência

Por Mario Osava*


Rio de Janeiro, 21 de dezembro (IPS/TerraViva).- “O arquipélago do Japão afundará dentro de um ano”. O anúncio oficial aconteceu após uma violenta erupção do Monte Fuji, e depois os terremotos se multiplicaram por todo o país, desafiando o mundo a acolher 110 milhões de pessoas em poucos meses. Uma furiosa batalha diplomática conseguiu uma solidariedade dúbia para evacuar 65 milhões de japoneses. Vinte milhões afundaram com as ilhas, muitos deles voluntariamente, por amor à pátria ou para ceder lugar na fuga aos mais jovens. Os demais, supõe-se, morreram antes, vitimas de tremores, tsunamis e outros cataclismas.

Este é o relato de um romance publicada em 1973 no Japão, e traduzida na França quatro anos depois, “O afundamento do Japão”. O autor, Komatsu Sakyo, imagina a hecatombe a partir de fenômenos naturais possíveis, como intensificação e alteração dos movimentos da crosta terrestre sob o Oceano Pacífico. Contudo, fora da ficção, o mundo vive inundações cada dia mais frequentes e a iminência de múltiplos afundamentos de nações insulares e cidades costeiras, todos fatos provocados pela ação do homem. O perigo vem do ar, mais do que do subsolo, mas com consequências igualmente trágicas, só que menos impactantes devido à dispersão geográfica e temporal.

Possivelmente seja necessária uma catástrofe da magnitude narrada por Sakyo para que o mundo chegue a um acordo efetivo que evite um aquecimento global suicida. Certas transformações, especialmente contra a maré econômica, só se materializam depois de tragédias ou rebeliões excepcionais. A crise financeira do ano passado, por exemplo, foi insuficiente para promover mudanças estruturais. A magnitude não se limita apenas à quantidade de vítimas, mas à extinção total de uma nação rica como o Japão, que era vista por muitos, nos anos 70, como desafiante da hegemonia econômica norte-americana. O livro também é uma crítica à soberba nipônica na reconstrução do pós-guerra.

A probabilidade de os países tropicais, especialmente os pequenos e pobres, serem os que mais sofrerão os efeitos do aquecimento global, não tem a mesma capacidade de estimular uma cooperação que pareceria natural neste caso, por se tratar de uma ameaça que afeta a todos. A crise climática realça as múltiplas dimensões das disparidades entre nações, dificultando as negociações. Os principais temas, as metas obrigatórias de emissões e financiamento, dividem o mundo entre ricos e os demais, com uma classe média de nações cuja pretensão, de continuar revistando as fileiras dos pobres, é rechaçada pelos ricos.

É essa desigualdade que dificulta todas as negociações multilaterais, sejam comerciais, financeiras, de patentes ou sanitárias. Todas são oportunidades para que os países em desenvolvimento reduzam a brecha e obtenham mais ajuda para o desenvolvimento, agora com o inquestionável argumento do acúmulo histórico de gases-estufa na atmosfera, pelos países industrializados. Porém, os blocos construídos em outros fóruns carecem de consistência na questão climática.

O Brasil, por exemplo, é constantemente pressionado pelos ambientalistas a se dissociar do Grupo dos 77, a coalizão de mais de 130 nações em desenvolvimento, para contribuir com um acordo e recuperar a liderança que teve na negociação da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, de 1992, e do Protocolo de Kyoto, de 1997. Por suas facilidades específicas para reduzir emissões de gases-estufa – acabar com o desmatamento e aumentar a energia limpa que já desenvolve em abundância –, o Brasil poderia assumir metas ambiciosas em seu próprio beneficio, afirmam os ecologistas.

A China, associada ao G-77, tornou-se um corpo estranho, ao ficar ombro a ombro com os Estados Unidos em volume de emissão de gases, construir uma central termoelétrica movida a carvão por semana e dispor de mais de US$ 2 bilhões em reservas. Assusta imaginar seus 1,3 bilhão de habitantes em uma marcha acelerada para a industrialização e o consumo que hoje se reconhece como não sustent

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