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Motivos e desmotivos de Belo Monte


www.envolverde.com.br - 07.05.10

Motivos e desmotivos de Belo Monte

Por Dal Marcondes, da Envolverde


A hidrelétrica do Xingu será construída. Duas perguntas, no entanto, não conseguiram respostas em quase 30 anos de discussões. A primeira é: Por quê Belo Monte? A segunda é: Por quê não Belo Monte?

“A usina de Belo Monte será construída para que o Brasil tenha a energia necessária para seu desenvolvimento”. Este é o discurso das autoridades, que resolveram desde 2009 incluir a obra no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e apostar na construção da terceira maior hidrelétrica do mundo em uma região de grandes fragilidades ambientais e sociais. O rio Xingu, onde a usina será implantada, é o maior afluente do rio Amazonas e um dos cursos d´água de maior biodiversidade do planeta. Só ele carrega mais vida do que todas as bacias hidrográficas da Europa. Mas não é só. O rio, em um ponto abaixo da projetada barragem, banha o Parque Indígena do Xingu, moradia de 14 etnias e cerca de 5 mil índios. Parque e índios precisam do rio e de sua biodiversidade para viver.

A construção de Belo Monte, segundo os valores apresentados no leilão do qual participaram dois consórcios liderados por empresas estatais, Chesf e Furnas, deverá custar R$ 19 bilhões, algumas estimativas, no entanto, apontam que pode chegar a R$ 30 bilhões. Como reforço à presença do Estado no empreendimento, O BNDES pode emprestar ao consórcio vencedor R$ 15,6 bilhões, a segunda maior operação de crédito de sua história. Isto, para oferecer ao Brasil 4.5 mil MW. Os movimentos ambientalistas e diversos especialistas em energia apontam que este dinheiro poderia conseguir o mesmo objetivo se fosse investido na redução das perdas das linhas de transmissão, que no Brasil chegam a 15% do que é gerado, contra 5% na Europa e 1% no Japão, e em programas de eficiência energética que reduzam os desperdícios no uso da eletricidade. Um estudo da Unicamp e do WWF aponta que apenas com estas medidas o país poderia colocar à disposição da sociedade 30% mais de energia sem investir um centavo em novas usinas.

Um sobrevoo sobre o Parque Indígena do Xingu mostra que o desmatamento sistemático avançou sobre a floresta até suas bordas. São campos de soja e pastos para a criação de gado que estão comprometendo nascentes e arrancando da mata sua capacidade de manter a vida. A floresta resiste ainda intacta apenas nos 26 mil quilômetros quadrados do parque. “Esta á a principal área de preservação no arco do desmatamento e a área desmatada na região dobrou nos últimos dez anos”, explica Marcio Santili, do Instituto Socioambiental, ONG que atua junto aos povos indígenas. Pelo projeto original, apresentado pelo sertanista Orlando Villas Boas e seus irmãos, as nascentes do rio Xingu deveriam ser incorporadas à área indígena. Em 1961, quando o Parque foi criado, as nascentes do Xingu ficaram de fora, o que abriu a brecha para a discussão sobre Belo Monte, ou Kararaô, como o projeto era chamado no tempo do regime militar.

São apenas 5 mil índios que se refugiam no Parque do Xingu, mas que representam a cultura e um modo de vida que querem preservar. Os desafios de conviver com o não índio impõe aos povos do Xingu a necessidade de fortalecer seus laços com a natureza e com seu passado. No entanto, motocicletas e outros chamarizes das cidades arrancam dos jovens a vontade de ser índio. “No tempo de meus avós a gente não precisava se preocupar com a língua e com as tradições, elas eram passadas normalmente para os jovens”, explica Afukaka Kuikuro, cacique dos Kuikuros que criou um centro de documentação em sua aldeia no Xingu. Ele conta que outros povos já esqueceram seus cantos e que quase já não há pajés nas aldeias. “É preciso estudar muitos anos para se tornar pajé”, explica. E o pajé não é apenas o médico dos índios, é também guardião dos conhecimentos, das histórias, das tradições e da cultura.

A construção da usina de Belo Monte é uma ameaça a mais para os povos indígenas. Não apenas porque a obra vai impactar o rio Xingu, mas também porque cerca de 80 mil operários serão levados para a regi

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