www.envolverde.com.br - 24.06.10

Livro aborda questões relativas à alfabetização e ao letramento

Por Manuel Alves Filho, do Jornal da Unicamp



No Brasil, o processo de alfabetização escolar ainda carece de sistematização. A avaliação é do professor Sérgio Antonio da Silva Leite, da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, que lançou recentemente, em parceria com a professora Silvia Gasparian Collelo, da USP, o livro Alfabetização e Letramento – pontos e contrapontos. A obra, organizada por Valéria Amorim Arantes, também docente da USP, aprofunda as discussões em torno da temática, valendo-se de uma composição interna diferente das empregadas em publicações do gênero.

Embora possa parecer óbvia, conforme o próprio Sérgio Leite, a constatação de que o trabalho pedagógico em sala de aula precisa ser sistematizado é pertinente. Ele lembra que teorias surgidas nos anos 80 e que ganharam corpo nos anos 90, entre elas o construtivismo, acabaram por marginalizar o professor. “Não por culpa do construtivismo em si, mas sim da interpretação que fizeram dos seus pressupostos. Por conta dessa leitura, o trabalho ficou concentrado unicamente no aluno, dado que é ele quem aprende, não importando muito quem ensina. Ou seja, em virtude dessa visão, o ensino acabou sendo colocado em segundo plano”, afirma o docente da FE.

O resultado dessa prática, segundo ele, foi muito ruim. Atualmente, prossegue Sérgio Leite, é comum identificar alunos da terceira ou quarta série do ensino fundamental de escolas públicas que não dominam a escrita. “Isso é especialmente nocivo para as crianças que vivem em ambientes que têm pouco contato com a escrita. Estas dependem muito da escola. Já as crianças que são estimuladas em casa, por exemplo, vão aprender a ler e a escrever quase que de forma independente”, diz. Para exemplificar como o papel do professor é importante na mediação pedagógica, o autor cita uma pesquisa que conduziu conjuntamente com uma orientanda sua.

Em 2008, ambos planejaram e acompanharam o processo de alfabetização de 30 alunos de uma escola púbica de ensino fundamental. “Ao sistematizarmos o processo, conseguimos que todas avançassem no aprendizado e que a maioria atingisse os objetivos propostos. Sistematizar não significa, porém, retornar ao passado, não quer dizer voltar ao tempo da cartilha chata. Ao contrário, implica em trazer a escrita viva para o interior da sala de aula, de modo a possibilitar à criança o acesso ao domínio dessa escrita”, detalha. Conforme Sérgio Leite, esses e outros aspectos são tratados no livro, que adotou uma composição interna diferente das usuais.

Na primeira parte, cada autor apresenta um texto sobre o tema. A segunda parte traz as respostas a quatro perguntas formuladas de um para outro, tendo por base a leitura das considerações introdutórias. No último segmento, a organizadora da obra é quem apresenta mais quatro questões para que os autores respondam. “O livro possibilitou que avançássemos em relação à temática que temos investigado nos últimos 30 anos. Creio que o formato e o conteúdo da obra tornam o assunto acessível a um público mais amplo do que aquele formado por estudantes, pesquisadores e profissionais da educação”, avalia Sérgio Leite.

Serviço
Alfabetização e Letramento – pontos e contrapontos
Organizadora: Valéria Amorim Arantes
Autores: Sérgio Antonio da Silva Leite e Silvia Gasparian Collelo
Editora: Summus Editorial
Número de páginas: 232
Preço sugerido: R$ 54,50


(Envolverde/Jornal da Unicamp)



© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=76614&edt=34

Jornal da UNICAMP

Para mais informações clique em AJUDA no menu.