Misérias da sociedade de consumo |
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www.envolverde.com.br - 25.06.10 |
Misérias da sociedade de consumo
Por Vilmar Berna*, do Portal do Meio Ambiente
Segundo cientistas, se todos os países adotassem o mesmo estilo de desenvolvimento dos chamados países do Primeiro Mundo, seriam necessários cerca de quatro planetas terra de recursos naturais e, como só temos um, a conclusão é muito simples: os que podem estão avançando sobre os recursos dos que não tem como impedir o saque. E por que os oprimidos não reagem? Por que estão contentes com a situação e nem pensam em se libertarem. Muito pelo contrário! Bombardeados o tempo todo por uma informação comprometida com o consumo, as pessoas passaram a acreditar que não há nada de errado com a Sociedade de Consumo, onde se diz que as oportunidades são iguais para todos. Se a pessoa se esforçar mais, trabalhar mais e melhor, se endividar e pagar as prestações, então alcançará os mesmos patamares de consumo e de qualidade de vida dos ricos e famosos!
Ninguém gosta da pobreza muito menos apóia desigualdades, mas é graças à existência de tais misérias em nossas sociedades que uns podem acumular mais que os outros. Gandhi alertou que existem recursos no planeta para todos, mas não para a ganância de uns poucos e que a paz é fruto da justiça.
Paulo Freire afirmava que o grande papel da educação deveria ser o de libertar as pessoas da escravidão do consumismo. Entretanto, somos estimulados o tempo todo, desde criancinhas, e por todos os meios a consumir sem parar! Ao invés de tentarmos nos libertar, ou de questionarmos este modelo, queremos consumir mais e mais, num padrão tão elevado quanto o dos ricos e famosos, incensados pela mídia para que os tomemos como modelo a serem seguidos e invejados.
Os shoppings tornaram-se templos de consumo do deus Mercado, verdadeiras ilhas da fantasia onde até o ar que se respira tem a temperatura controlada. A moda, a propaganda e a informação - comprometidas com este modelo - são os principais carros-chefe dessa nova religião e cumprem o papel de dar velocidade e legitimidade ao consumo, criando novos desejos e necessidades, tornando o novo já ultrapassado e obsoleto assim que o consumidor sair da loja.
Somos levados a confundir a posse de bens com felicidade e reconhecimento social, e a nos avaliarmos não pelo que somos, mas pelo que possuímos. Somos induzidos a consumir não por que precisamos, mas por que merecemos, desejamos, podemos. A falta de dinheiro, que deveria funcionar com um limitador, é superada rapidamente pelo crédito fácil e prestações a perder de vista que beiram a irresponsabilidade. Os consumidores acabam escravizados às suas dívidas, obrigando-se a dedicarem as melhores horas de suas vidas ao trabalho, para gerar os excedentes que os permitam pagar suas dívidas e adquirirem logo novas modernidades muitas das vezes nem tão necessárias assim.
O tempo passou a ser o bem mais precioso e as pessoas passaram a dedicá-lo quase todo ao trabalho e mal conseguem ter tempo para elas próprias, para suas famílias, para cultivar uma arte, um esporte, um lazer, ler um livro, ouvir uma música, dançar, reunir com os amigos. Tendemos a passar mais tempo com os colegas do trabalho que com nossa família, filhos ou a pessoa amada. Não temos mais tempo para comer com calma, e comer virou uma forma de tentar preencher o vazio e a ansiedade. As cidades estão cada vez mais cheias de gente solitária que tentam preencher este vazio com mais consumo.
Entretanto, enquanto uns perdem a liberdade, outros perdem a vida. O desemprego está entre um dos principais motivos para os suicídios, por que, numa sociedade de consumo, pessoas que não conseguem ganhar dinheiro, sentem-se um peso para as demais. Pessoas depressivas e solitárias também se matam diante das frustrações ao descobrirem que a posse de bens de consumo e de riquezas não se converteu nas prometidas felicidade, prazer e reconhecimento social. A própria vida humana perde importância, já que só é importante o que tem preço e não o que tem valor. E como a vida não tem preço, então, não interessa para o negócio. Vidas fora do mercado não interessam,
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