Índios do Xingu criam base de dados online |
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www.envolverde.com.br - 09.12.10 |
Índios do Xingu criam base de dados online para preservar memória cultural
Por Redaçã Instituto Catitu
O projeto contempla a inauguração da Casa de Cultura Ikpeng, o lançamento de um documentário e de um CD de cantos rituais. A comemoração acontecerá na aldeia Moygu, nos dias 10 e 11 de dezembro.
Nos dias 10 e 11 de dezembro, o povo Ikpeng – uma das 14 etnias que vivem na terra indígena do Xingu (MT) – fará a inauguração da Mawo - Casa de Cultura Ikpeng, na aldeia Moygu. Durante a comemoração, os Ikpeng lançarão ainda um CD com cantos do Yumpuno, ritual de iniciação das crianças, e o documentário Gravando Som, dirigido pelos cineastas indígenas Kamatxi Ikpeng e Karané Ikpeng, com participação de Mari Corrêa, do Instituto Catitu. O filme mostra a transmissão dos saberes tradicionais de geração em geração e retrata o rito de passagem em que as crianças são tatuadas.
A base de dados também será apresentada na festa e sua inovação começa ainda na concepção, respeitando o modo de pensar dos Ikpeng na formação desse banco bilíngue: ikpeng-português. “Em duas semanas, a partir do nada, conseguimos compilar as bases de um vocabulário controlado, respeitando a visão dos Ikpeng e sua organização”, explica Osvaldo Gomes, responsável técnico pela criação da base de dados ikpeng.
O software escolhido para abrigar esse repositório foi o DSpace, um software livre desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e pela HP e que possui uma versão em português distribuída pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e tecnologia (IBICT). Um software pensado inicialmente para abrigar artigos, teses e trabalhos acadêmicos, mas usado por instituições de pesquisa e de memória no mundo todo. “É uma aplicação web bastante robusta e já foi testada com um milhão de itens. Portanto, é virtualmente ilimitada”, explica Osvaldo.
Os mecanismos de busca foram construídos primeiro na língua ikpeng para depois serem traduzidos para o português. “Os tesauros são construídos a partir de uma norma internacional. Meu trabalho foi explicar a metodologia de construção e fazer o papel de facilitador - sem dominar, à época, uma só palavra em Ikpeng. O tesauro foi intitulado Ukpamtowonpïn: ugwa witpot, que numa tradução literal significa ‘Origem do Mundo: encontre as palavras’. Em português ficou: Origem do Mundo: Tesauro da Língua e Cultura Ikpeng”, conta.
Além do material histórico sobre a comunidade, a Casa de Cultura reunirá toda a produção realizada pelos próprios índios, como filmes, fotos, gravações de áudio, produção de livros e desenhos. Uma ferramenta de pesquisa e de fortalecimento cultural.
O projeto contará ainda com um site para que os Ikpeng possam dialogar com os não-índios. Para isso, a comunidade também vem buscando uma parceria com o programa Gesac – projeto de inclusão digital do governo federal, coordenado pelo Ministério das Comunicações – para estabilizar o acesso à internet na aldeia. “Para nós, a Mawo é um ponto de encontro do novo com a tradição. Escolhemos esse nome para homenagear uma das filhas dos nossos criadores, Rinkawo e Kapulik”, explica o professor indígena Maiua Ikpeng.
Este projeto foi contemplado pelo Programa Petrobras Cultural. É uma realização da Associação Moygu Comunidade Ikpeng e do Instituto Catitu - Aldeia em Cena, com apoio do Programa Demonstrativo dos Povos Indígenas e da Embaixada da Noruega.
Durante a comemoração, os Ikpeng lançarão ainda um CD com cantos do Yumpuno, ritual de iniciação das crianças, e o documentário Gravando Som, dirigido pelos cineastas indígenas Kamatxi Ikpeng e Karané Ikpeng, com participação de Mari Corrêa, do Instituto Catitu. O filme mostra a transmissão dos saberes tradicionais de geração em geração e retrata o rito de passagem em que as crianças são tatuadas.
A base de dados também será apresentada na festa e sua inovação começa ainda na concepção, respeitando o modo de pensar dos Ikpeng na formação desse banco bilíngue: ikpeng-português. “Em julho último, saí de São Paulo e fui parar no Xingu sem a menor ideia do que me esperava.
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Instituto Catitu
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