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As revoluções árabes e o imaginário democrático


www.envolverde.com.br - 25.04.11

As revoluções árabes e o imaginário democrático

por Walden Bello*, da Alai

Os levantes democráticos árabes geraram um surto de nostalgia em muitos daqueles que foram arquitetos de suas próprias revoluções democráticas anos atrás. Ao ver o desenrolar dos acontecimentos na Praça Tahrir, no Cairo, por meio da Al Jazeera e da CNN, muitos dos que se somaram às barricadas durante a Revolução do Poder Popular, em 1986, nas Filipinas, sentiram ressurgir essa sensação de que, como dizia Marx, “tudo que é sólido se desmancha no ar”.

Aqueles, que em fevereiro de 1986 se desfizeram de sua segurança pessoal e se lançaram às ruas para enfrentar os tanques armados de Ferdinand Marcos, também poderiam relacioná-lo com as palavras do ativista egípcio da Internet, Wael Ghonin, sobre o momento psicológico chave em um levante: “sabíamos que ganharíamos quando o povo superou a barreira psicológica, quando decidiu que era melhor morrer por uma causa que viver sem dignidade… Somos mais fortes que os homens de Mubarak porque eles temem por suas vidas e nós estamos dispostos a oferecer as nossas”.

A ruptura da barreira psicológica do medo veio acompanhada de outro sentimento abrigado pelos manifestantes, tanto na Praça Tahrir como em Manila: a sensação de que o povo estava verdadeiramente determinando seu próprio destino, que estavam tomando as rédeas de suas vidas em suas próprias mãos. Esse foi o momento democrático primitivo, o momento primeiro de autodeterminação, tão mal explicado nos tratados teóricos sobre a democracia.

Junto com a nostalgia, contudo, se sentiu também um sentimento agudo das oportunidades perdidas. Para muitos dos que participaram nas revoltas democráticas populares que inundaram as Filipinas e a América Latina na década de 1980 e a Europa do Leste em 1989, a euforia do poder popular foi de curto fôlego, e o passar dos acontecimentos deixou lugar para o desânimo, a desilusão e, logo, o cinismo. O momento crítico foi quando os administradores da transição política transformaram o poder bruto da democracia direta no qual as ditaduras se transformaram, em democracia eleitoral representativa, buscando simplificar os mecanismos de governo democrático.

A questão da democracia representativa

Alguns teóricos clássicos da democracia se preocupavam com esta transição. Rousseau desconfiava da democracia representativa porque entendia que substituiria o “interesse geral” ou a “vontade geral” do povo pelo que ele chamava de “vontade corporativa” dos representantes eleitos. Marx e Engels exibiram uma atitude amplamente conhecida de desprezo pela democracia representativa já que, em sua opinião, ela simplesmente ocultava os interesses econômicos dominantes da burguesia por detrás de uma folha de política parlamentar. Talvez o mais crítico tenha sido o sociólogo político Robert Michels, que analisou como as eleições evoluem de uma metodologia pela qual os povos trocam seus líderes para um mecanismo mediante o qual os líderes manipulam os povos para perpetuarem-se no poder. Michels avançou mais em sua consideração e afirmou que as democracias representativas não podiam escapar da “lei de ferro da oligarquia”.

Os temores destes teóricos clássicos da ciência política se transformaram em realidade nos sistemas de governo pós-levantes surgidos nas décadas de 1980 e 1990. Para os cidadãos das novas democracias nas Filipinas e América Latina, a euforia do poder popular abriu espaços para regimes eleitorais parlamentares de influência ocidental, nos quais as elites econômicas tradicionais de pronto voltaram a tomar as rédeas. A política competitiva floresceu, mas com as facções da elite competindo entre si pelo direito a reinar. A política progressista foi marginalizada dentro de sistemas dominados por programas das elites conservadoras ou centristas. A corrupção aceitou as engrenagens do sistema.

Ajustes estruturais por meio da democracia

Para ler a continuação deste artigo, acesse:

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