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Civilização do Xingu tinha estradas e pontes


Publicado pelo jornal Folha de S.Paulo
19/09/2003

Um artigo publicado hoje na revista americana ("Science") deve ajudar a abalar mais um pouco a idéia de uma Amazônia intocada e habitada por tribos pequenas, isoladas, igualitárias e móveis na época do Descobrimento.

Na realidade, uma extensa intervenção humana no ambiente e construções monumentais refletem melhor o que acontecia na região amazônica por volta de 1500. Além das evidências que apresenta para defender essa nova visão da "pré-história" nacional, o trabalho traz ainda uma peculiaridade extra em sua lista de autores: os nomes índios Afukaká Kuikuro e Urissapá Tabata Kuikuro, algo inédito em pesquisas brasileiras.

O cenário esboçado pelos autores é o seguinte: no final do século 15, o Alto Xingu --uma língua de floresta amazônica que penetra pelo norte de Mato Grosso e onde estão os formadores do rio Xingu-- sofreu uma profunda transformação por mãos humanas.

Surgiram aldeias gigantescas (algumas com área de até 500 mil metros quadrados), densamente habitadas (até 5.000 pessoas), interligadas por estradas que chegavam a 5 quilômetros de extensão e 50 metros de largura.

Esses complexos regionais incluíam ainda represas, pontes, aterros e fossas, entre outras estruturas artificiais. Era o ápice de um processo que tivera sua origem cerca de cinco séculos antes.

Algumas aldeias eram fortificadas, com paliçadas e valas semicirculares de até 5 metros de profundidade e 2,5 quilômetros de extensão. Acredita-se que a função dessas construções fosse a defesa. A distância média entre as aldeias (5 km) e a presença de estradas de ligação entre elas reforçam a idéia de que a ameaça vinha de fora. A suspeita recai sobre tentativas de invasão por povos de língua jê, tupi-guarani ou caraíba.

Em todas as aldeias havia uma área central (praça) para a qual convergiam caminhos. Isso dava ao conjunto uma estrutura radial que pode ser vista até em imagens de satélite e fotos aéreas utilizadas pelos autores.

Para provar que a maioria desses conglomerados de aldeias já estava na região entre os anos 1250 e 1400, os autores apresentam uma lista de peças arqueológicas datadas pelo método do carbono-14, que fornece a idade das amostras com base na quantidade de uma forma radioativa do elemento químico carbono.

A força do artigo reside principalmente em seu perfil multidisciplinar. O trabalho uniu especialistas em antropologia, linguística e arqueologia ao conhecimento nativo e à alta tecnologia.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u10134.shtml

Jornal Folha de S.Paulo

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