Publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo 02/10/2003

O gosto amargo da obsessão pela fama - diretor da revista Vogue, Ignácio de Loyola Brandão, também colunista do Estado, conhece como poucos o circuito das pessoas que sonham em se tornar celebridade. "E, com a chegada da nova novela das 8, cujo título é justamente Celebridade, o assunto torna-se mais atual", comenta o escritor, que vai conversar nesta quinta-feira com o público sobre o assunto, a partir das 19 horas, na Livraria Cultura do Shopping Villa-Lobos.

Antes do debate, Loyola vai ler trechos de seu livro O Anônimo Célebre (Global Editora), no qual faz uma investigação profunda na psicologia do anônimo que sonha apenas em parecer, mas nunca em ser. "A fama tornou-se uma verdadeira obsessão", comenta o escritor que, por dever do ofício jornalístico, passou a conhecer as festas badaladas.

Não são reuniões para se divertir, alerta, mas para gerar imagem. "O grau de importância de cada um é definido pelo interesse dos fotógrafos", comenta Loyola, que observou muitas pessoas chegarem ao desespero quando, na identificação das fotos, surgem como "não identificado", "desconhecido" ou apenas "amigo". "É como uma faca cravada no coração."

Outro fato intrigante é o excessivo consumo desse tipo de notícia. "Há um fascínio pela vida privada, pelo buraco da fechadura", comenta Loyola, lembrando ainda que os leitores querem conhecer a casa dos artistas.

Nesse caso, é exigido um mínimo padrão de qualidade, ou seja, alguns lares são maquiados quando a decoração é considerada inadequada - em outras palavras, brega. "Alguns até ganham móveis de indústrias interessadas em divulgar seu produto", afirma. "No livro, trato disso e da falsidade das pessoas em não aceitaram a própria condição." Loyola é o primeiro autor indicado para o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira a se apresentar em público.

http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/10/02/cad020.html

O Estado de S. Paulo

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