MEC quer induzir formação de docente |
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Publicado pelo jornal Folha de S.Paulo 14/10/2003 |
Biologia, física e química. Esses são alguns dos cursos que devem receber um incentivo especial do Ministério da Educação ao longo dos próximos anos, de acordo com Luiz Araújo, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação.
Segundo ele, existe uma distorção no ensino superior do país. O crescimento do sistema universitário, com base nas leis de mercado, levou a uma oferta excessiva de cursos como direito e administração, enquanto existe um déficit de 250 mil professores na educação básica. O intuito do governo é equilibrar essa situação.
"Hoje, a preocupação central no ministério são as licenciaturas. São cursos caros que, se depender do mercado, não serão criados. O governo tem que induzir a criação desses cursos", disse Araújo na manhã de ontem, durante o seminário "Qualidade no Ensino Superior", realizado pelo UniFMU (Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas) e pelo Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos).
A influência do mercado no ensino superior foi um dos temas mais debatidos no evento. Para Araújo, a universidade deve ser avaliada por sua função social.
O diretor de Estatísticas e Avaliação do Inep, Dilvo Ristoff, explicou como o ministério pretende realizar essa avaliação. A proposta é extinguir o Exame Nacional de Cursos (Provão) e instituir, a partir do próximo ano, o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação Institucional da Educação Superior). A principal diferença, segundo ele, é a inclusão de uma análise qualitativa dos cursos.
Para Ristoff, a avaliação parte do princípio de que as universidades não são fábricas que formam profissionais para atender às necessidades das empresas. "As universidades não são e não querem ser escolas de 3º grau, querem o avanço da ciência e da arte sem o atrelamento ao utilitarismo."
A importância de pesquisas desvinculadas de interesses imediatos também foi abordada pelo professor Geraldo di Giovanni, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). "Não é o resultado em si das pesquisas que eleva o desenvolvimento dos alunos, mas a cultura da curiosidade que incute."
Após as palestras, houve um debate sobre a qualidade do ensino superior, conduzido por Arnaldo Niskier, membro da Academia Brasileira de Letras e conselheiro do Imae, que questionou como essas mudanças poderiam ser realizadas diante da falta de verbas para educação.
A Folha mostrou ontem que o governo federal vem destinando cada vez menos recursos para a área em relação ao total arrecadado pela União desde 1995. Isso porque grande parte da receita da União vem de contribuições que, pela legislação, não entram no cálculo do percentual repassado ao ensino.
"A desvinculação de parte das receitas pode ter uma justificativa macroeconômica ou gerencial, mas, em termos de inclusão social, é totalmente indevida", afirmou Araújo. Para ele, para cumprir o Plano Nacional de Educação, o governo deve investir 8% do PIB. Atualmente, o ensino recebe 4,39% do PIB. "Isso significa que é necessário mudar a participação da União na educação."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u13950.shtml
Folha de S. Paulo
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