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Quinta-Feira , 01 de Maio de 2025
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Aos Treze: retrato subversivo dos jovens


Resenha de Luciano Trigo para o site críticos.com.br

O que pensam, fazem, sentem e sofrem os adolescentes de hoje? Quais são suas motivações e seus modelos? Para um adulto, fica cada vez mais difícil responder satisfatoriamente a estas perguntas, em parte porque a lógica da dinâmica cultural e econômica do mundo em que vivemos confere à esfera da adolescência uma crescente autonomia, freqüentemente conflitante com o resto da sociedade. O maior mérito do filme de estréia de Catherine Hardwicke, Aos Treze, é jogar fora idéias pre-estabelecidas sobre o assunto e apresentar um retrato subversivo dos jovens, feito "de dentro" - no sentido em que a vida interior das protagonistas é tão importante quando os acontecimentos que constituem a vida e moldam as suas identidades. Aos Treze se aproxima, portanto, de outros dois filmes que radicalizaram a proposta de entender os jovens, Kids e Réquiem para um Sonho, ainda que de forma menos ousada. Mesmo assim saímos do cinema com a sensação de que a adolescência é um período muito mais terrível e perigoso do que se imagina habitualmente.

O projeto de Aos Treze começou a tomar forma quando Catherine se uniu a Nikki Reed, que aos 13 anos viveu na carne boa parte dos episódios levados à tela. Talvez por isso os conflitos e sonhos, os rituais e frustrações, a alegria e a angústia de ser adolescente seja representada com tanta veracidade. Também contribui para o êxito do filme a interpretação impecável do par de protagonistas (Evan Rachel Wood e Niki Reed) e da cada vez mais eficiente Holly Hunter, que encarna de forma sutil as dúvidas e questionamentos de uma mãe desorientada, que atualiza o tema permanente do abismo entre as gerações sem cair em clichês.

Num plano superficial e moralizante, Aos Treze pode ser entendido como a crônica da corrupção moral de uma adolescente "normal", Tracy, por outra, Evie, a garota mais popular da escola, que apresenta a amiga ao sexo e às drogas, com conseqüências dolorosas para ambas. Não é nada disso: a diretora evita qualquer tipo de julgamento - não por omissão nem porque isso está na moda numa época de relativismo, mas porque, justamente, a sinceridade do seu olhar torna o espectador na mesma medida cúmplice das aflições das duas protagonistas, uma e outra tentando construir suas identidades com aquilo que a vida lhes oferece. Tracy e Evie não fazem mais que cumprir o dever cada vez mais esmagador de ser sexy e sofisticada, que atender ao imperativo de consumir e ser consumida, mesmo que o preço do reconhecimento seja o desespero que leva Tracy a se cortar de forma compulsiva. Trata-se de um filme poderoso, que ao mesmo tempo entretém e angustia, um dos retratos mais honestos da adolescência já feitos no cinema.

AOS TREZE (Thirteen) – em cartaz atualmente no circuito de cinema de São Paulo
ESTADOS UNIDOS/ INGLATERRA, 2003
Direção: CATHERINE HARDWICKE
Roteiro: CATHERINE HARDWICKE E NIKKI REED
Elenco: EVAN RACHEL WOOD, HOLLY HUNTER, NIKKI REED, JEREMY SISTO
Duração: 100 min

http://www.criticos.com.br/new/artigos/critica_interna.asp?artigo=427

Críticos.com.br

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