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Museu do Brinquedo será criado em SP


Publicado pelo jornal Folha de S.Paulo
09/11/2003

Você já foi a um museu para jogar bolinha de gude, pular amarelinha ou brincar de cinco pedrinhas? Parece-lhe insensato?
O Ministério da Cultura e a Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo acham que não. Juntos, vão criar não só um museu do brinquedo, mas um centro cultural para pensar o brincar e as razões de o lúdico estar cada vez mais encurralado nas metrópoles.
Batizado de Quintal da Luz, o complexo ficará numa área de 7.500 m2, ao lado do Jardim da Luz, na região central de São Paulo. Hoje, os galpões abrigam oficinas da prefeitura. Eles serão derrubados para dar lugar a um prédio com cerca de 4.000 m2 que deverá ser projetado pelo arquiteto Eduardo de Almeida.
O projeto do museu é uma parceria do Monumenta, programa do Ministério da Cultura de revitalização de áreas históricas degradadas, e da secretaria paulistana da Cultura. Está orçado em R$ 8 milhões e será a principal intervenção do Monumenta em São Paulo, segundo o arquiteto Marcelo Ferraz, 48, coordenador nacional do programa, financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
"Será uma espécie de museu-mãe que ajudará a formar professores na questão do brinquedo, para que ela seja multiplicada nas classes. Uma das razões de a escola ter falhado é porque excluiu o brincar", acredita Ferraz.
Como se vê, há uma idéia forte por trás do projeto. A autora do conceito é Lydia Hortélio, 70, uma pianista que estuda o brincar desde os anos 70, período no qual acumulou uma coleção de 3.000 brinquedos de todo o mundo, que deve ser cedida ao novo museu.
"É preciso brincar e recuperar o exercício de ser criança. A escola e a TV matam a brincadeira porque calam a linguagem do corpo do menino", afirma Hortélio, uma baiana que passou a infância no sertão e morou 14 anos na Alemanha, primeiro estudando piano e depois etnomusicologia.
A divisa da pesquisadora é uma máxima do poeta e filósofo alemão Friedrich von Schiller (1759-1805), extraída das "Cartas Estéticas", um dos marcos do movimento pré-romântico: "O homem só é inteiro quando brinca e é somente quando brinca que ele existe na completa acepção da palavra Homem".
Se o conceito do museu pode parecer rarefeito, o projeto prático tenta seguir o rés-do-chão. Haverá um centro voltado para a formação de professores, os quais deverão disseminar a idéia de brincar em suas escolas.
Estão previstas exposições permanentes e temáticas, nas quais a mostra de brinquedos é só uma parte do trabalho.
"Quem gosta de ver brinquedo em vitrine é adulto, por causa da nostalgia que ele provoca. Criança gosta mesmo é de brincar", diz Lydia Hortélio.
Para isso, é fundamental, segundo ela, restaurar a idéia de quintal. Caminhos de terra, árvores de fruta e moitas para brincar de esconde-esconde são tão importantes quanto o acervo de brinquedos, defende.
O projeto do Quintal da Luz também prevê uma oficina de produção de brinquedos pelas próprias crianças.
A razão da oficina é confrontar o mundo virtual em que a maioria das crianças brinca, seja com videogame ou assistindo TV, com o mundo material dos brinquedos.
Conhecer com a mão
Não é por nostalgia que as crianças serão convidadas a fabricar artefatos e a brincar com outras crianças, segundo Hortélio. As oficinas visam explorar o toque como forma de conhecimento. Já os jogos e brincadeiras em grupo têm o objetivo de fazer as crianças se confrontarem, conhecerem os limites seus e do outro e aprender com o contato, de acordo com a pesquisadora.
"Videogame é a morte do brincar porque não tem intercurso humano, não há outra pessoa para as crianças se medirem. Só pode botar a mão no videogame depois de brincar no quintal. Aí, não faz mal", afirma.
O Ministério da Cultura planeja inaugurar o Quintal da Luz em junho de 2005, com uma festa do Divino. A festa tem uma razão simbólica: no Divino, uma criança é coroada imperador e goza de direitos majestáticos. Como diz Ferraz, é para sinalizar que de agora em diante as crianças terão hora e vez.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0911200318.htm

Folha de São Paulo

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