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Intolerância - na mira da reflexão


Publicado pela revista E, do SESC SP
novembro 2003

Outro dia, eu atravessava a Rua dos Pinheiros, seguindo pela faixa de pedestres. No cruzamento, não havia farol de trânsito. Quase fui atropelado. Dirigindo-me ao motorista do vistoso BMW, ouvi o seguinte: \'O senhor acha que o certo é que eu pare para que o senhor continue?\'. Respondi que sim, caso estivéssemos numa sociedade na qual regras civis existissem. O motorista riu muito e partiu, célere, enviando-me um sinal pornográfico.\"
Essa situação não é ficcional e qualquer relação com a realidade não é mera coincidência. O pedestre quase atropelado na faixa por um bem-nascido e malcriado possuidor de um carro importado é o filósofo e professor titular de Ética e Filosofia Política da Unicamp Roberto Romano, e a situação foi descrita por ele em um artigo escrito para a Revista E sobre lei e educação (e agora publicado na Coleção E no volume Práxis).
Situações semelhantes acontecem em números impossíveis de serem calculados em diversos pontos da cidade, do Estado, do País e do mundo. Às vezes, impasses como o narrado pelo filósofo vão às últimas conseqüências e terminam nas páginas policiais. Ficando apenas no âmbito dos aborrecimentos cotidianos que levam minúsculas - porém importantes - frações da paciência do homem contemporâneo, pode-se ainda pensar naquela discussão com um caixa de banco grosseiro, ou ainda com um cobrador de ônibus mal-humorado e intolerante. E por falar em intolerância, como você tratou o porteiro do seu prédio hoje?
É esse tipo de reflexão que unirá pensadores brasileiros e estrangeiros no Seminário Cultura e (In)tolerância (ver mais detalhes no box) realizado pelo Sesc São Paulo na sua unidade Vila Mariana. O objetivo é discutir um problema que, muito embora venha acompanhando o homem durante toda a sua existência, ganha nos dias atuais proporções alarmantes. Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP), em 1999, mostra números preocupantes em favor da intransigência e do desrespeito.
De acordo com o levantamento, na cidade São Paulo:
- 49% dos ouvidos concordariam que a polícia prendesse estudantes que estivessem reunidos em uma passeata. Houve quem respondesse que ela deveria atirar nos manifestantes;
- 24% dos entrevistados paulistanos acham que os policiais deveriam atirar nos detentos na hipótese de rebelião em presídio;
- e 8% acreditam que os tiros deveriam ser para matar.
\"Se você pegar essas últimas duas opções - \'atirar\' e \'atirar e matar\', que somam 32% -, tem representado praticamente um terço da população que tolera o abuso de poder por parte da polícia contra cidadãos que estão sob a tutela do Estado\", avalia Rogério Sant\'Ana Ferreira, mestre em sociologia e pesquisador do NEV. \"Isso revela um preconceito muito grande da sociedade contra o presidiário, uma idéia de não-humanos. Na verdade, algumas pessoas chegam mesmo a dizer isso. Existe uma frase bastante comum de se ouvir que diz: \'uma pessoa que comete tal crime não é ser humano\'. O que equivale dizer que os direitos humanos não valem para bandidos, por exemplo.\"
Questão histórica
Mas por que tanto ódio e incompreensão? \"Nós podíamos começar pela própria questão do Oriente Médio, que envolve, evidentemente, muito o problema da intolerância\", responde Dalmo de Abreu Dallari, professor titular da Faculdade de Direito da USP e um dos convidados do seminário. \"O que se está verificando é que por intolerância vai-se num crescendo de violência. E isso em malefício de todos. São tragédias humanas tremendas que têm lá no fundo a questão da tolerância.\"
Mais informações sobre o Seminário Internacional Cultura e (in)tolerância no site www.sescsp.com.br/sesc/
Veja a íntegra da matéria em:

http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/e/e_texto.cfm?Revista_ID=1&Edicao_Id=170&Artigo_ID=2548&maior=0&menor=0

Revista E, do SESC São Paulo

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